Farc destacam espírito de conciliação após acordo EUA-Cuba
O grupo insurgente voltou a insistir em uma trégua bilateral na Colômbia
As Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) afirmaram nesta quarta-feira que um "espírito de concórdia" envolve o continente americano após o anúncio do restabelecimento de relações entre Cuba e Estados Unidos, e insistiu em sua reivindicação de um cessar-fogo bilateral em território colombiano enquanto se negocia a paz em Havana.
Em mensagem de saudação pelo fim do ano, o secretariado do Estado-Maior Central das Farc ressaltou que os ventos de paz que sopram entre Havana e Washington "começaram a romper os vetustos muros da intransigência imposta para dobrar um povo digno".
"Como uma lição para a história vai ficando este capítulo de aproximação, no qual se demonstrou que a diplomacia e o diálogo civilizado podem estar acima das diferenças, indicando que visões do mundo, por mais distintas que sejam, podem conviver, entre o respeito e o mútuo reconhecimento, sem necessidade de quebrar a paz e as boas relações", acrescentou.
O grupo insurgente colombiano assinalou, além disso, que isso é o que também deseja para a Venezuela e o conjunto das Américas.
"O mesmo governo dos Estados Unidos disse que 50 anos de uma política de isolamento contra Cuba fracassaram, porque é a nação do norte a que resultou isolada", opinaram as Farc.
No dia 17 de dezembro, os presidentes de Cuba, Raúl Castro, e dos EUA, Barack Obama, anunciaram um acordo histórico para iniciar um processo de normalização das relações diplomáticas bilaterais, rompidas desde 1961, que contempla a abertura de embaixadas em ambos países nos próximos meses.
As Farc, que começaram no sábado passado um cessar-fogo unilateral e indefinido, voltaram a insistir nesta quarta-feira em sua reivindicação ao governo de Juan Manuel Santos de chegar a uma trégua bilateral.
"Com o passo do cessar-fogo unilateral e indefinido que demos, queremos deixar clara a mensagem que não há melhor maneira de diminuir o conflito que chegar à trégua bilateral, ao armistício como arauto que anuncia o fim do confronto armado", salientaram.
Nesse sentido, o grupo rebelde alega que chegou o momento "de silenciar as balas e as bombas, o momento de mudar o discurso (...) de dar asas ao poder da palavra abrindo cenários nos quais a única batalha que se trave seja a das ideias".