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Fugitivo nazista construiu paraíso para pedófilos no Chile

Paul Schaefer, que morreu em 2010, liderou durante anos abusos e torturas na aldeia chilena Villa Baviera depois de fugir da Alemanha. Veja relatos de uma de suas vítimas

21 fev 2014 - 15h00
(atualizado às 15h27)
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Após décadas de abusos e torturas em aldeia do Chile, Paul Schaefer foi preso em 2005
Após décadas de abusos e torturas em aldeia do Chile, Paul Schaefer foi preso em 2005
Foto: AP

Paul Schaefer, um dos alemães que fugiram do país em 1945, transformou a aldeia chilena de Villa Baviera, antiga Colonia Dignidad, em um centro de tortura, pedofilia e escravidão.

A Colonia Dignidad, também conhecida por ser um culto religioso cristão alemão, foi fundada por nazistas em 1961 e ali viveram homens de confiança de Hitler, como Walter Rauff, criador dos caminhões de gás, precursores das câmaras de gás.

Depois de chegar no Chile, Schaefer transformou os 230 ‘colegas alemães’, que deixaram o país com ele, em escravos. Famílias foram separadas e crianças conduzidas a uma casa onde Schaefer mantinha um apartamento privativo. No local, meninas e meninos eram criados nos moldes da cultura germânica e abusados pelo soldado nazista.

Schaefer proibiu os moradores de Villa Baviera de ler jornal, ter conversas privadas e fazer sexo, transformando a vila em um campo de concentração e em um paraíso para pedófilos. Os simpatizantes do alemão instituíram na vila um sistema de vigilância total. Câmeras foram instaladas em todos os lugares, e os bosques passaram a abrigar câmaras de tortura. Para lá eram levados os escravos que tentavam fugir de Villa Baviera.

Um hospital, que também foi transformado em centro de tortura, passou a ser usado por agentes do serviço secreto e soldados chilenos para torturar centenas de comunistas e dissidentes durante a ditadura chilena.

Crianças que ofereciam resistência aos abusos de Schaefer  - ele costumava manter relações com mais de duas crianças por noite - também eram submetidas à tortura.  Franz Baar Kohler, uma das vítimas de Schaufer lembra como meninos e meninas eram atraídos para a colônia: “Os alemães organizavam paradas e vinham às nossas ladeias. Eles tocavam címbalos e trompetas, e eu amava aquilo; tudo o que eu queria era viver na colônia”.

Kohler conseguiu fugir de Villa Baviera em 2003, depois de 30 anos de abusos, torturas e trabalhos forçados: “Eles me levavam para o hospital e me trancavam em um quarto pequeno onde cortavam meus dedos e meus pulsos; às vezes eu não sabia se estava morto ou vivo”, conta.  Hoje, seu advogado tenta buscar na justiça algum tipo de reparação por tudo o que Kohler passou.

O isolamento da colônia permitiu que as torturas e os abusos permanecessem absolutamente em sigilo. Schaefer foi preso e condenado pelo crime de pedofilia em 2005,  mas alguns torturadores escaparam ilesos, como o administrador do hospital de torturas Harmutt Hopp, que fugiu para a Alemanha.

Mais da metade dos antigos colonos de Villa Baviera voltaram para a Alemanha, e o vilarejo se tornou um lugar de lazer e diversão. Muitos pedófilos e torturadores, no entanto, continuam vivendo normalmente na aldeia.

Schafer morreu em 2010, em Santiago, Chile.

Com informações do Daily Mail.

Fonte: Terra
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