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Gleisi questiona EUA e Bolsonaro: "vai criar uma guerra?"

Para a presidente do PT, 'critique-se ou não o processo, ele foi feito dentro das regras constitucionais da Venezuela'

24 jan 2019 - 14h11
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Foto: Cassiano Rosário / Futura Press

A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, condenou a decisão dos Estados Unidos e do governo Jair Bolsonaro de reconhecer o líder opositor venezuelano Juan Guaidó como presidente interino da Venezuela. Gleisi disse que o presidente americano,Donald Trump, não tem legitimidade para fazer essa interferência e alertou para o "precedente" que isso criará na América Latina. Por meio do Twitter, a deputada federal Maria do Rosário (PT-RS) também se manifestou sobre a crise.

"Qual é a legitimidade de um presidente americano para reconhecer um presidente de outro país sendo que esse país passou por um processo eleitoral? Critique-se ou não o processo, ele foi feito dentro das regras constitucionais da Venezuela. E lá o voto é facultativo e teve candidatura de oposição. Imagina se a moda pega? Vamos ter daqui a pouco o presidente dos Estados Unidos, do Brasil, de outros países interferindo na soberania e na autodeterminação dos países?", perguntou. "É muito ruim isso porque abre um precedente de instabilidade na região da América Latina".

Em seguida, Gleisi também criticou a decisão do governo brasileiro de acompanhar o entendimento dos Estados Unidos. Ela questionou, então, se o próximo passo da gestão Jair Bolsonaro será entrar numa guerra contra o país vizinho.

"Acho mais grave ainda o governo brasileiro se posicionar favorável porque isso leva a uma intervenção, uma intervenção desse tipo para ser realizada vai levar à força bruta. Isso quer dizer que o presidente Bolsonaro vai enviar tropas brasileiras para Venezuela? Com quem dinheiro? Colocando em risco a vida dos brasileiros?", argumentou. "Ei, espera aí! Você vai criar um conflito para nós aqui? Você está longe e vai criar uma guerra aqui? É sobre isso que a gente está falando".

Já Maria do Rosário disse haver interesses geopolíticos americanos por trás da iniciativa. "Só há legitimidade na democracia e nos direitos humanos. Nenhum golpe os constrói", disse. "E não é por eles que o Brasil renega sua história pela autodeterminação dos povos ao apoiar tentativa de golpe na Venezuela. É para seguir submisso aos EUA que querem petróleo, poder e controle geo-regional."

Juan Guaidó se declarou presidente interino do país durante as manifestações pela renúncia do presidente Nicolás Maduro. Em nota divulgada pelo Itamaraty, o governo afiram que apoiará "política e economicamente o processo de transição para que a democracia e a paz social voltem à Venezuela. Já o presidente em exercício, Hamilton Mourão, descartou qualquer participação brasileira em uma possível intervenção militar no país vizinho.

Os governos da Colômbia, do Chile do Paraguai e do Peru fizeram o mesmo. O Canadá e a Organização dos Estados Americanos (OEA) também reconheceram Guaidó como presidente interino nesta quarta-feira. Os governo do México, Uruguai e Bolívia no entanto, segue reconhecendo Maduro como o presidente da Venezuela.

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Estadão
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