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Juan Manuel Santos é reeleito presidente da Colômbia

15 jun 2014 - 19h17
(atualizado às 22h13)
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Foto: José Miguel Gómez / Reuters

O presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, foi reeleito neste domingo com cerca de 51% dos votos no segundo turno eleitoral, no qual enfrentou o candidato da direita, Óscar Iván Zuluaga.

Em uma disputa crucial para a evolução do processo de paz com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), promovido e negociado pelo atual governo, Santos se impôs sobre Zuluaga, que aparece com 45% dos votos.

Santos governará até 2018 e com o apoio da esquerda . A mudança de Santos, um político tradicional da chamada oligarquia de Bogotá e que sempre esteve mais à direita do que à esquerda, responde ao tropeço que sofreu na reta final da campanha após a vitória do 'uribista' Óscar Iván Zuluaga no primeiro turno do dia 25 de maio.

O último objetivo de Santos é conseguir a paz através do diálogo com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), que começou em 2012 em Cuba e visa terminar com 50 anos de conflito armado, mas do qual muitos de seus compatriotas, a maioria conservadores, desconfiam. A isso se somou o anúncio, nesta última terça-feira, de que o governo de Santos e o Exército de Libertação Nacional (ELN), outra guerrilha colombiana, iniciaram em janeiro diálogos iniciais para um processo de paz.

O grande paradoxo é que os partidos de esquerda, movimentos sociais, sindicatos, artistas e intelectuais, que foram os mais críticos com Santos, também impulsionaram sua vitória para evitar o retorno ao poder do chamado 'uribismo' - a linha do ex-presidente Álvaro Uribe.

Tanto os líderes da comunista União Patriótica como a polêmica ex-senadora Piedad Córdoba, sempre perto da Venezuela chavista, apoiaram Santos através da imprensa, das redes sociais e nas ruas com o lema "Vote pela paz".

Zuluaga representava os oito anos do governo de Álvaro Uribe, que optou pela via militar para acabar com a guerrilha. Santos curiosamente foi um dos ministros de maior destaque de Uribe, que apoiou sua candidatura nas eleições de 2010.

Frio, pouco carismático e um apaixonado jogador de pôquer, Santos chegou à presidência em 2010 disposto a seguir a receita de seu antecessor, mas se distanciou e escolheu outro caminho.

Como ministro da Defesa de Uribe, assistiu de camarote aos mais duros golpes militares às Farc e foi contra o grande escândalo dos "falsos positivos", quando o exército matou milhares de civis e lhes fez passar por guerrilheiros mortos em combate com o único objetivo de engordar os sucessos militares.

Juan Manuel Santos nasceu em 10 de agosto de 1951 em Bogotá, em uma das famílias mais poderosas da Colômbia e, desde jovem se movimentou entre os segredos do poder, sempre imbuído nas ideias do Partido Liberal. Seu tio-avô Eduardo Santos foi presidente (1938-1942) e sua família dirigiu durante décadas o jornal "El Tiempo", o mais influente do país.

Santos começou sua carreira política em Londres em 1972 como representante da Colômbia na Organização Internacional do Café, e em seu retorno foi subdiretor do "El Tiempo". Em 1991, foi designado pelo liberal César Gaviria ministro do Comércio Exterior e, durante o governo do conservador Andrés Pastrana (1998-2002), foi titular da pasta da Fazenda.

Em 2004, se afastou do liberalismo para apoiar Uribe e se uniu ao Partido do U, que ganhou as eleições em 2006 e 2010, ao qual hoje ainda pertence. Com gosto por apostas e viciado em poder, Santos é arrojado e mostrou isso abrindo um diálogo de paz com as Farc com pleno conhecimento de que teria muitos opositores.

Ele também recompôs as relações com Equador e Venezuela, travadas durante o governo de Uribe, e congelou um convênio militar com os EUA através do qual seriam colocadas à disposição desse país sete bases militares. Mesmo assim, fechou o Tratado de Livre-Comércio com o governo de Barack Obama.

Entre suas iniciativas está a Lei de Vítimas e Restituição de Terras, que assinou em 2011 junto com o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, e o Marco Jurídico para a Paz, base legal para estruturar o pós-conflito.

Santos é um grande conhecedor dos segredos políticos, governou com o apoio de praticamente todos os partidos e com a única oposição de Uribe, que o acusou de "castrochavista" e agora, nesta campanha, de usar dinheiro do narcotráfico.

Casado com María Clemência Rodríguez e pai de três filhos, Santos é doutor em Direito, estudou Economia e Administração de Empresas na Universidade do Kansas, Economia e Desenvolvimento Econômico na Escola de Economia de Londres e Administração Pública em Harvard, além de Jornalismo.

O presidente e candidato é autor de vários livros, entre eles "A Terceira Via: uma alternativa para a Colômbia", que escreveu junto com o ex-primeiro-ministro britânico Tony Blair.

Óscar Iván Zuluaga reconhece derrota

Óscar Iván Zuluaga reconheceu sua derrota e parabenizou o atual governante como ganhador do pleito. "Devo, por convicção democrática em primeiro lugar, felicitar o presidente Santos por seu triunfo", disse Zuluaga a seus partidários em um centro de convenções de Bogotá.

"Em meu coração não há ódios nem rancores", afirmou o candidato, assegurando que depois desta aventura eleitoral, na qual ficou cerca de 900.000 votos de Santos, vai continuar "sendo o filho da província que os quer muito".

O candidato uribista, que obteve 45,04% dos votos contra 50,90% de Santos, disse que seu movimento perdeu "com altura e com integridade" e que isso se deve aos cerca de sete milhões de votos que recebeu, pelo qual assegurou: "Aqui seguimos nesta luta política por nosso país".

"Sete milhões de colombianos cuja voz terá que ser escutada pelo novo governo", ressaltou. "Sinto-me muito orgulhoso de ter sido o candidato do uribismo à presidência da Colômbia", ressaltou Zuluaga após expressar sua "infinita gratidão" ao ex-presidente Álvaro Uribe (2002-2010), seu padrinho político, "por essa lição de compromisso e amor" pelo país. Segundo disse, seu esforço não termina com esta derrota, pois "amanhã será outro dia" e o Centro Democrático vai continuar lutando para cumprir as promessas que fez ao eleitorado.

"Na política as pessoas são um acidente, o importante é que fiquem as instituições, que se valorize a democracia, que os partidos tenham canais de expressão", acrescentou. O ex-candidato esteve acompanhado, entre outros, por sua esposa Martha Ligia Martínez, seu companheiro de legenda à vice-presidência, Carlos Holmes Trujillo, e sua chefe de debate, a ex-candidata conservadora Marta Lucía Ramírez.

Zuluaga foi recebido com uma ovação por seus seguidores e gritos de "Zuluaga, Zuluaga" e "Não mais Farc, não mais Farc", em alusão ao grupo guerrilheiro com o qual o governo negocia a paz.

Com informações de agências internacionais

Fonte: Terra
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