Maduro anuncia reativação de 'comandos antigolpe' na Venezuela
O presidente Nicolás Maduro anunciou nesta sexta-feira a reativação dos "comandos anti-golpe" cívico-militares, criados pelo finado presidente Hugo Chávez, para combater o "golpe continuado" da oposição por meio da "guerra econômica" e da sabotagem de instalações estratégicas.
"Estamos diante da presença não apenas de uma guerra (econômica), mas também diante de um golpe continuado contra o Estado e contra o povo. Por isto, decidi e vamos (...) ativar e reativar o comando anti-golpe criado pelo comandante Chávez", disse Maduro em um discurso para o movimento Grande Polo Patriótico.
Maduro afirmou que estes "comandos anti-golpe", cuja estrutura, número e composição não detalhou, estarão presentes em cada um dos 23 estados da Venezuela e na capital Caracas.
"Vou reativar o comando nacional, em cada região terei um comando anti-golpe cívico-militar. Será uma das instituições que vencerão a batalha (...). Um comando anti-golpe nacional, um comando anti-golpe por região estratégica de defesa integral (...) para cada estado e o distrito capital, por setores estratégicos".
O presidente voltou a acusar a oposição pelas falhas no fornecimento de energia elétrica, como o apagão que afetou grande parte da Venezuela no início de setembro ou a explosão que em agosto de 2012 paralisou a refinaria Amuay, a maior do país.
"Esta gente (da oposição) vai se arrepender de ter desafiado os filhos de Chávez, vão se arrepender. Temos que garantir uma vitória esmagadora sobre esta burguesia para que não se atrevam mais a desafiar o povo de (Simón) Bolívar".
A decisão acontece em meio à crise no abastecimento e a uma inflação anual que somou 49,4% em setembro na Venezuela, o que Maduro atribuiu a uma "guerra nacional e internacional" contra seu governo.
"Com os investimentos que são feitos, o trabalho que se faz, se não estivesse submetida à guerra nacional e internacional desses fatores econômicos, a economia (venezuelana) teria um ano 2013 perfeito, teria reduzido a inflação abaixo de 20%", afirmou Maduro na quinta-feira.
A crise econômica se aprofundou na Venezuela este ano, com contínuas altas nos preços dos alimentos e escassez de alguns produtos e os analistas projetam que a inflação alcançará 50% ao ano contra um prognóstico inicial do governo de entre 14% e 16%.
O presidente solicitou no dia 8 de outubro poderes especiais à Assembleia Geral a fim de decretar leis em matéria de combate à corrupção e a "guerra econômica".
Na quinta-feira, o ministro para a Alimentação, Félix Osorio, revelou que a Venezuela importará 400 mil toneladas de alimentos de países latino-americanos nos meses de novembro e dezembro, incluindo 80 mil toneladas do Brasil.
A escassez cíclica de alimentos como açúcar, café, azeite e leite, ou produtos básicos como papel higiênico, tem se agravado a cada mês na Venezuela.