Menina achada em bueiro na Argentina deixa UTI
Bebê de um ano e oito meses foi encontrada ao lado do corpo da mãe, Paola Acosta, em caso que gerou repercussão no país
A menina argentina Martina, encontrada dentro de um bueiro ao lado do cadáver da mãe, Paola Acosta, de 36 anos, saiu da Unidade de Tratamento Intensivo do Hospital de Niños de Córdoba, informou a imprensa local.
O diretor do hospital, Néstor Perotti, disse ao jornal Clarín que a menina, de um ano e oito meses, não tem infecções graves, "apenas uma infecção na pele, que está em tratamento e apresenta boa evolução".
Martina está agora em uma unidade de terapia intermediária, onde poderá receber a visita dos avós, tios e irmãos, informa o jornal.
A menina e a mãe estavam desaparecidas desde a noite da quarta-feira passada (17) e foram localizadas no último domingo (21), quando moradores ouviram os prantos da criança vindos de um bueiro.
O caso causou comoção entre os argentinos e nesta quarta-feira ainda continuava entre os temas mais comentados nas redes sociais.
A tia de Martina, Mariana Acosta, publicou uma foto da mão da criança apertando a dela no hospital onde a menina está recebendo tratamento pelas horas que passou em contato com água e lixo, ao lado do corpo de Paola.
De acordo com os médicos que a atenderam, ela sofreu "um quadro violento de hipotermia, além de fraturas e infecção decorrente do contato com água poluída".
Suspeito preso
De acordo com a polícia e a imprensa argentina, Paola tinha saído de casa com a criança nos braços para encontrar o ex-namorado, Gonzalo Lizarralde, para receber dele a pensão alimentícia.
No dia seguinte, os outros dois filhos de Paola, de 14 e 16 anos, afirmaram à polícia que as duas não tinham voltado para casa.
Lizarralde, que é pai de Martina, foi preso a pedido do promotor do caso. O advogado dele, Sebastián Maccari Gaido, disse aos jornalistas que seu cliente é inocente.
"Ele entregou o dinheiro a ela e foi embora", disse Maccari Gaido.
Parentes da vítima contaram à imprensa local que Lizarralde teve um namoro rápido com Paola. Exames recentes de DNA comprovaram que Martina era filha dele.
No fim de agosto, Lizarralde pagou a primeira parcela da pensão alimentícia e na quarta-feira, quando Paola e a filha sumiram, Lizarralde deveria pagar a segunda parte.
Crimes passionais
O caso gerou manifestações públicas e colocou novamente no foco das atenções os crimes passionais na Argentina, principalmente em Córdoba.
De acordo com organizações dedicadas ao assunto, Paola foi a 10ª vítima fatal de violência de gênero na província neste ano.
A presidente da ONG Casa del Encuentro, Ada Rico, que auxilia vítimas deste tipo de violência, disse à BBC Brasil que 1.256 mulheres foram vítimas fatais de violência de gênero entre 2008 e 2013 na Argentina.
"O caso de Paola não foi o pior que já vimos, mas, sem dúvida, o que nos causou a todos uma forte comoção pela crueldade. Crueldade de como ela foi deixada (morta) e de sua filhinha deixada durante horas em um bueiro. Foi crueldade demais", afirmou Rica.