Morre aos 75 anos o escritor argentino Ricardo Piglia
"Adeus, Piglia. Para nós fica todo o escrito, a lucidez e a paixão do escritor e do leitor onívoro. Vamos sentir sua falta", declarou Avelluto em sua conta dno Twitter.
Piglia, nascido em 24 de novembro de 1941 na cidade de Adrogué, na província de Buenos Aires, era considerado um dos melhores expoentes da nova época narrativa argentina e entre os últimos prêmios que recebeu por sua trajetória estão o Prêmio Ibero-Americano de Narrativa Manuel Rojas (2013) e Prêmio Formentor das Letras, em setembro de 2015.
O também editor, crítico e professor universitário tinha confessado em entrevista à Agência Efe em novembro do ano passado que acabara de terminar um livro de contos e já trabalhava em outro sobre romances curtos do uruguaio Juan Carlos Onetti.
Além disso, ainda revisava o terceiro e último volume de "Los diarios de Emilio Renzi", sua autobiografia. Em terceira pessoa, ele percorre através do alter ego, o autor Emilio Renzi (o segundo nome e o segundo sobrenome de Piglia), meio século de sua vida, que registrou nos diários nos quais começou a escrever, redigir e rabiscar em 1957, quando tinha 16 anos.
Em 24 de novembro passado, o autor, que em 1967 publicou seu primeiro livro de relatos, "A invasãon", e cuja obra chegou ao cinema graças ao filme "Plata Quemada" (2001), baseada no livro homônimo, completou 75 anos ao lado dos amigos.
Como ele mesmo disse, a literatura o permitia "seguir vivo" depois de 2013, quando foi diagnosticado com esclerose lateral amiotrófica (ELA), uma doença que afeta a mobilidade, mas não a capacidade de raciocínio, e que provocou que em seus últimos tempos necessitasse de apoio básico para ler e trabalhar.
"A doença me fez descobrir a experiência da injustiça absoluta. Por que eu?, alguém se pergunta, e qualquer resposta é ridícula. A injustiça em estado puro nos rebela e persistimos na luta", disse Piglia.
Em 2015, o cineasta Andrés Di Tella dirigiu o documentário "327 Cuadernos", que contou com a colaboração do escritor.