Morrem 17 dos 43 estudantes desaparecidos no México
Dois pistoleiros revelaram que a ordem para reprimir os estudantes partiu do secretário de Segurança Pública de Iguala
Dois supostos pistoleiros do crime organizado confessaram a execução de 17 dos 43 estudantes desaparecidos no sul do México, que estariam enterrados em uma fossa comum encontrada no sábado, informou neste domingo o promotor estadual de Guerrero.
Em entrevista coletiva, o promotor Iñaky Blanco revelou que dois supostos pistoleiros dos "Guerreiros Unidos" - de cerca de 30 detidos por envolvimento no caso - "manifestaram ter participado diretamente do homicídio dos estudantes".
Os 43 estudantes universitários desapareceram há uma semana, após uma violenta repressão policial a protestos no município de Iguala, em Guerrero, da qual participaram membros do cartel das drogas "Guerreiros Unidos".
Segundo Blanco, os pistoleiros pararam um ônibus e fizeram descer 17 estudantes, que "levaram para o alto de um cerro de Pueblo Viejo (Iguala), onde há fossas comuns, e os executaram".
Os dois homens revelaram que a ordem para reprimir os estudantes partiu do secretário de Segurança Pública de Iguala; e para capturá-los e matá-los de "um sujeito chamado 'El Chucky', líder dos Guerreiros Unidos", disse Blanco.
O secretário de Segurança Pública de Iguala e o prefeito da cidade estão foragidos e são procurados pela polícia federal.
Ao menos 20 agentes da polícia de Iguala, município de 140.000 habitantes, foram detidos sob a acusação de trabalhar para o cartel dos Guerreiros Unidos, grupo local surgido em 2010 após o enfraquecimento do cartel dos irmãos Beltrán Leyva.
Blanco não soube revelar os motivos do crime. "Foi o crime organizado, mas estamos investigando o motivo".
Em razão das informações dos pistoleiros detidos foi encontrada na localidade de Pueblo Viejo uma fossa clandestina com "o total de 28 corpos, alguns completos e outros esquartejados", acrescentou Blanco, destacando que a identificação final exigirá, ao menos, 15 dias.
Angustiados e enfurecidos com o governo de Guerrero, familiares dos jovens desaparecidos aguardavam neste domingo o resultado da perícia sobre um dos piores massacres dos últimos anos no país.
"Estamos decididos a tudo, isto é uma guerra", disse à AFP a mãe de um dos estudantes desaparecidos.
Ao menos 35 familiares dos estudantes entregaram amostras de DNA, informou à AFP Vidulfo Rosales, advogado dos familiares.
Dezenas de policiais, militares e peritos trabalham em torno da fossa onde os corpos foram localizados, cujo acesso está proibido à imprensa.
No dia 26 de setembro, os alunos da Universidade Rural para Normalistas de Ayotzinaga protestavam em Iguala contra a discriminação que garantem sofrer por parte do governo de Guerrero na distribuição de vagas nas escolas urbanas quando foram reprimidos com violência por homens mascarados.
Iguala e Pueblo Viejo fica no nordeste de Guerrero, um dos estados mais pobres do México, que está entre as cinco regiões com o maior índice de homicídios e sequestros das 32 do país.