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Morte de Hugo Chávez

Nicolás Maduro toma posse como presidente interino da Venezuela

Maduro nomeou Jorge Arreaza, genro de Chávez, como vice-presidente; Também disse que já ordenou a convocação de eleições

8 mar 2013 - 21h29
(atualizado às 23h13)
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O vice-presidente foi indicado para o cargo por Hugo Chávez após as eleições de outubro passado
O vice-presidente foi indicado para o cargo por Hugo Chávez após as eleições de outubro passado
Foto: AFP

O corpo de Hugo Chávez ainda era velado quando o vice-presidente executivo da Venezuela, Nicolás Maduro, prestou juramento como presidente interino, na noite desta sexta-feira, em Caracas. A sessão da Assembleia Nacional aconteceu após o Supremo Tribunal de Justiça autorizar Maduro a ser presidente e candidato ao mesmo tempo.

A cerimônia foi acompanhada pelo presidente do Equador, Rafael Correa, pela ex-senador colombiana Piedad Córdoba, por membros do governo, militares e simpatizantes. Deputados da oposição boicotaram a sessão em protesto ao que o líder da Mesa da Unidade Democrática (Mud), Henrique Capriles, chamou de “fraude”.

Com a Constituição do país em mãos, o presidente da Assembleia Diosdado Cabello disse que “esse país decidiu ser livre e respeitar as leis”. Ele leu os artigos que falam sobre a falta absoluta do presidente. Cabello também confirmou que, assim como Chávez "ordenou" antes de viajar para Havana para a quarta cirurgia contra o câncer, Maduro será o candidato nas eleições presidenciais que devem ser convocadas para os próximos 30 dias.

Maduro toma posse e oposição se nega a participar do evento:

Após o juramento, os deputados cantaram o hino da Venezuela. A sessão foi interrompida várias vezes por gritos dos chavistas em apoio ao novo presidente. 

Maduro chorou em seu primeiro pronunciamento como presidente interino. “Perdoem a nossa dor, mas essa faixa pertence a Hugo Chávez”, disse, sendo interrompido por aplausos. “Eu, Nicolás Maduro, militante da causa de Chávez, assumo para defender o povo, para protegê-lo e para cumprir o juramento de continuar seu caminho, de continuar a revolução, de levar a diante a independência e o socialismo bolivariano”, afirmou.

Ele lembrou como foram os últimos dias acompanhando o mandatário na luta contra o câncer. De acordo com o agora presidente, Chávez intuía que não superaria o câncer. Maduro revelou que, depois da primeira cirurgia em Havana, Chávez disse “isso vai ser pior”.

Maduro voltou a chamar de “muito estranha” a doença de Chávez por “sua velocidade de desenvolvimento”. Ele também nomeou o ministro de Ciência e Tecnologia Jorge Arreaza, casado com uma das filhas de Chávez, como vice-presidente.

No final do longo discurso, o presidente interino informou que já solicitou ao Conselho Eleitoral do país que convoque eleições presidenciais imediatamente. "No dia que forem convocadas, nós estamos prontos para ir para a eleição. Que ganhe quem tem que ganhar. Que o povo decida", disse. "Tivemos informações em primeira mão de tensões muito grandes hoje em setores da oposição. Eles estão ventilando a possibilidade de não apresentar candidatura no processo que será convocado", afirmou maduro.

Mais cedo, o principal líder da oposição convocou a imprensa para “romper o silêncio” sobre a sentença do Supremo Tribunal de Justiça, que autorizou Maduro a tomar posse como presidente interino e ser candidato nas próximas eleições que ele mesmo deve convocar. Henrique Capriles, candidato derrotado por Hugo Chávez em outubro do ano passado, classificou de “fraude constitucional” a decisão da Justiça.

"Não permitiremos que a dor do povo seja desculpa para os abusos de poder", afirmou. "Com a maior firmeza perguntamos: onde querem chegar? Porque nós representamos muitas pessoas que merecem respeito e consideração." "Nas próximas horas vamos tomar algumas decisões e anunciaremos ao país", informou.

Nicolás Maduro

<p>O vice-presidente foi indicado para o cargo por Hugo Chávez após as eleições de outubro passado</p>
O vice-presidente foi indicado para o cargo por Hugo Chávez após as eleições de outubro passado
Foto: Carlos Garcia Rawlins / Reuters

O vice-presidente da Venezuela recebeu o voto de confiança do presidente. Ao anunciar que se ausentaria do país, Hugo Chávez previu que poderia não tomar posse para seu quarto mandato e pediu ao povo que, caso novas eleições fossem convocadas, votassem em Maduro.

Nicolás Maduro Moros é, possivelmente, o político venezuelano mais conhecido fora do país depois de Chávez. Desde agosto de 2006 ele é o ministro das relações exteriores e representa a Venezuela em cúpulas, reuniões e encontros com líderes de outros países. Em outubro de 2012, foi escolhido vice-presidente por Chávez e passou a acumular os dois cargos. Ele foi o ministro que ocupou o mesmo cargo por mais tempo num grupo que apresenta alta rotatividade. Além disso, também foi o mais novo titular da pasta da história.

Nicolás Maduro chegou ao poder mesmo sem ter curso superior. Profissionalmente, foi condutor do metrô de Caracas e, depois, passou a dirigir o sindicato de transportadores que ele mesmo fundou.

Maduro foi militante da Liga Socialista, depois foi co-fundador do movimento V República. Em 2000 foi eleito deputado nacional e reeleito em 2005. Em 2006, quando deixou a Assembleia para ocupar o cargo de ministro das relações exteriores, conseguiu eleger sua mulher, Cilia Flores, como presidente da casa em uma votação interna.

Documentos divulgados pelo site Wikileaks revelaram que Nicolas Maduro é o preferido das potências estrangeiras, como China e Rússia, nações que mantém negócios com a Venezuela, para seguir à frente da “revolução bolivariana”.

Fonte: Terra
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