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Morte de Hugo Chávez

Sarcófago de Chávez vira centro de peregrinação na Venezuela

16 mar 2013 - 20h10
(atualizado às 21h13)
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Venezuelanos tiram fotografias no local preparado para receber o corpo de Hugo Chávez
Venezuelanos tiram fotografias no local preparado para receber o corpo de Hugo Chávez
Foto: EFE

Escoltado pela figura de Simón Bolívar, Hugo Chávez descansa, mais de dez dias depois de sua morte, em um sarcófago de mármore no Quartel da Montanha, um lugar simbólico em Caracas, que já se tornou destino de peregrinação para seus seguidores.

No centro de uma sala adornada com colunas e piso azulejado, ladeada por quatro soldados vestindo trajes de gala, a imponente tumba concentra os olhares dos visitantes deste edifício construído no começo do século 20 e restaurado com azulejos em tons de cobre e avermelhado.

"Este é um momento de dor. Senti um aperto no coração quando o vi nesta sala. Mas lembro dele com felicidade por todo o que me deixou", disse Lino Mejía, 72 anos, que viajou do estado de Lara (oeste) para ver seu líder pela última vez.

Mejía e outras centenas de pessoas tiveram que se contentar em ver de longe o monumento construído em um dos salões principais do Quartel da Montanha, o local emblemático onde Chávez iniciou sua agitada vida política, ao liderar o fracassado golpe de Estado de 4 de fevereiro de 1992 e saltar para a fama, após afirmar que seus objetivos na época não tinham sido cumpridos "por ora".

Na entrada, militares advertem aos visitantes que não devem se aproximar do sarcófago ou tirar fotografias.

O corpo de Chávez, que morreu de câncer em 5 de março, foi posto no sarcófago na sexta-feira, durante uma cerimônia à qual assistiram seus familiares, o presidente interino, Nicolás Maduro, e o presidente boliviano, Evo Morales. Neste sábado, Maduro voltou ao quartel onde lhe explicaram detalhes sobre o monumento, segundo imagens exibidas pelo canal estatal VTV.

Projetado especialmente para a ocasião, o sarcófago é sustentado pela "flor dos quatro elementos" (água, ar, terra e fogo): uma estrutura de mármore verde e granito vermelho que simula 21 pétalas gigantes, uma metáfora do "florescer da nova pátria e da América Nova", explicou o mestre de cerimônias no ato de sexta-feira. No interior, encontra-se um espelho d'água.

Em frente ao público, uma inscrição talhada em pedra diz: "Hugo Chávez, líder supremo da revolução bolivariana".

Ali chegou o corpo do presidente venezuelano, depois de percorrer as ruas de Caracas na sexta-feira e após permanecer nove dias exposto na capela ardente da Academia Militar, onde centenas de milhares de seguidores passaram ininterruptamente para prestar sua última homenagem.

Em comparação, as filas nos arredores do quartel eram claramente menores e o horário de visita, restrito a sete horas diárias. O salão está cheio de fotos de Chávez, símbolos da pátria, pensamentos do presidente talhados em granito e três pedestais que suportam os bustos de Ezequiel Zamora, Simón Rodríguez e Bolívar, figuras históricas que foram consideradas eixos ideológicos da "revolução bolivariana".

Nas costas dos guardas, dois grandes retratos de Bolívar dominam todo o quarto, enquanto a marcha militar "Pátria Querida" ecoa sem cessar nos amplos espaços, inundados de luz natural.

Outros salões foram dispostos para homenagear com fotos a memória do líder socialista neste quartel situado em uma colina do popular bairro 23 de Enero - reduto do chavismo - e com uma vista privilegiada sobre Caracas.

Nos salões se exibem em imagens alguns dos momentos chave da vida de Chávez, como os anos como cadete ou na prisão, misturadas a fotos com seus mais fiéis amigos e aliados, como o líder cubano Fidel Castro, a quem considerava seu "pai político", além da modelo britânica Naomi Campbell ou o craque argentino Diego Armando Maradona.

Membros da Guarda Presidencial e da Milícia Bolivariana, constituídas por Chávez durante seus 14 anos de governo para defender a Venezuela de uma "agressão externa", guardam o quartel militar, também chamado Museu da Revolução.

Com vista para o Palácio de Miraflores, o local está cheio de símbolos que prestam homenagem à memória de Chávez: uma bandeira vermelha - cor do governo - e um velho canhão, que faz um disparo todos os dias às 16H25 locais (17hH55 de Brasília), hora em que morreu o presidente.

Assim como Mejía, centenas de pessoas, entre elas grávidas, crianças e portadores de necessidades especiais, aguardavam pacientemente na fila para entrar. Outros, ao chegar perto do sarcófago, caem em prantos.

"O que estamos vivendo aqui é histórico. Aqui vamos completar um museu para honrar a memória do comandante presidente", afirmou um seguidor que preferiu não se identificar.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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