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Mexicana é inseminada com esperma infectado pelo vírus HIV

Personagem faz parte de um documentário inglês sobre o lado obscuro das barrigas de aluguel no México

14 nov 2015 - 13h00
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Repórter Kiki King com mulheres usadas como barrigas de aluguel
Repórter Kiki King com mulheres usadas como barrigas de aluguel
Foto: Unreported World / Facebook / Reprodução

O México se tornou o principal local para se encontrar barrigas de aluguel para casais do mundo inteiro. Mas enquanto uma parte vai embora com o filho que tanto desejava, um novo documentário do canal britânico Channel 4 mostra os riscos que as mães biológicas correm pela falta de amparo e o motivo que as levam a alugar os úteros. As informações são do Daily Mail.

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O programa Unreported World mostra a negligência em relação a essas mulheres e como muitas ficam emocionalmente abaladas pelo medo de perder o bebê. Em um caso mais extremo, uma mulher conta que, sem saber, foi inseminada com o sêmen de um portador de HIV.

Alejandra Mendiola, mãe solteira de quarto garotos, vive no estado mexicano de Aguascalientes e contou à repórter Kiki King que concordou em ser barriga de aluguel de um homem solteiro dos Estados Unidos porque precisava de ajuda para sustentar a família.

As leis mexicanas estabelecem que as mães não podem ser pagas diretamente, mas há meios de contornar isso. As barrigas de aluguel chegam a ganhar US$ 10 mil (cerca de R$ 34 mil) para arcar com os custos da gravidez, valor que demorariam anos para juntar em um trabalho convencional.

A oferta fez Alejandra se registrar em uma companhia americana chamada Beyond Borders (ou Além das Fronteiras), mas ela não contava que o sêmen implantado seria de um homem infectado pelo vírus HIV.

“O pai, o doador, era infectado com o vírus HIV e eu não sabia. Descobri há três semanas”, ela conta, já grávida de seis meses. Alejandra descreve a raiva que sentiu e o medo de ter sido infectada. “Eles não me contaram nada quando assinei o contrato”.

Ao ser contatada, a diretora da empresa, Lily Frost, afirmou que Alejandra havia sido informada da condição do esperma via WhatsApp. “Nós informamos a Michelle (então representante da empresa no México) pelo WhatsApp e ela disse que estava tudo bem. Alejandra depois veio até nós e falou ‘não estou confortável com isso. Não me falaram nada’”.

Frost lamenta não ter feito Alejandra assinar um contrato ou verificar se ela estava ciente da situação antes do implante. “Não sei o que mais posso fazer. Não há risco de infecção. Entendo que ela está brava, eu também estaria”, responde a diretora.

A empresa teria dito à mexicana que o esperma estava “livre do HIV”. Mas de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), apesar do procedimento reduzir as chances, não há como exclui-las.

A agência é apenas uma das que operam no negócio multimilionário de barrigas de aluguel, que movimenta cerca de US$2 bilhões (cerca de US$ 7.600 bilhões) por ano.

A Beyond Borders também causou problemas para Diana Gisel Islas, do estado mexicano de Tabasco. Segundo ela, a empresa não forneceu comida suficiente para a quantidade de nutrientes que precisava aos seis meses de gestação. “Eles simplesmente pararam de enviar o dinheiro da comida. Ontem mesmo acabou o que nós tínhamos. Eu conversei com a dona da agência diretamente e lhe disse ‘eu estou passando fome’”, conta Diana.

Ela tem mais um filho e afirma ser um “sacrifício” carregar um bebê que não será dela e passar por essa situação, “nós nunca comemos tão mal”.

A empresa informou que estavam tentando cortar gastos, mas nunca foi a intenção prejudicar as mães inscritas. Para compensar, estão enviando uma quantia extra para Diana cobrir as despesas.

Segundo Michelle Velarde, antiga coordenadora e representante da empresa no México, a situação de Diana não é uma exceção e é comum faltar comida para as selecionadas.

Velarde ainda revela que contratos formais muitas vezes não eram assinados, colocando em risco o futuro das mães mexicanas, dos pais e do bebê.

Carlos Rosillo, dono de uma experiente agência mexicana de barrigas de aluguel, explica que contratos são extremamente importantes para proteger os direitos de todas as partes envolvidas. Segundo Rosillo, só neste ano as procuras por esse “serviço” aumentaram em cinco vezes.

Barrigas de aluguel só podem ser pagar em alguns países, incluindo os Estados Unidos e Tailândia. No Reino Unido, as mulheres não podem receber pelo serviço, mas os custos podem ser mantidos pelos pais adotivos.

No México, o processo é parecido. Cada vez mais pessoas procuram as mexicanas porque o serviço sai mais barato do que nos EUA, por exemplo.

Segundo o Unreported World, uma gestação de sucesso custa cerca de US$ 50 mil (R$ 190 mil) no México, metade do preço dos EUA.

Porém, o preço acaba sendo caro para mulheres como Diana e Alejandra.

“Apesar dos perigos, a barriga de aluguel gera grande felicidade em pais que não podem ter filhos. Mas com o grande aumento na demanda internacional, para termos mais histórias bem sucedidas precisamos de cuidadosas políticas e regulamentações no México”, conta a repórter Kiki King, afirmando que a experiência abriu seus olhos.

Fonte: Terra
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