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O chocante caso de abuso e morte de jovem de 16 anos que provoca indignação na Argentina

18 out 2016 - 15h57
(atualizado às 16h20)
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Lucía Pérez tinha apenas 16 anos e terminava o ensino médio
Lucía Pérez tinha apenas 16 anos e terminava o ensino médio
Foto: Facebook/reprodução

"Nunca vi um conjunto de fatos tão aberrantes", diz a promotora Maria Isabel Sánchez.

Ela está encarregada do caso de Lucía Pérez, adolescente de 16 anos que foi drogada, estuprada e morta por empalamento no balneário de Mar del Plata (Argentina) no sábado (15). Suspeita-se que ela tenha sido vítima de uma gangue de traficantes.

O crime hediondo chocou a Argentina, especialmente por ter ocorrido uma semana após uma grande manifestação de mulheres contra a violência na cidade de Rosário.

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A história de Lucía só fez aumentar a sensação de insegurança e a percepção de crescimento do poder do narcotráfico entre os argentinos. Isso apesar de a Argentina ser um país com um dos menores índices de homicídios da América Latina - 8,8 por 100 mil habitantes em 2013 (o Brasil, por exemplo, registrou índice de 25,8 por 100 mil em 2014).

"Overdose"

A promotora Sánchez informou que o corpo de Lucía foi deixado em um hospital de Mar de Plata. A menina estava de banho tomado e vestida, inclusive com a roupa íntima. Segundo informações da mídia local, os agressores teriam avisado que a jovem sofrera uma overdose.

A promotora suspeita que Lucía mantivesse algum tipo de relacionamento com um dos supostos agressores. Dois suspeitos - Matías Farías, de 23 anos, e Juan Pablo Offidani, de 41 anos - foram presos no domingo na casa em que o crime teria ocorrido.

"A menina foi à casa voluntariamente e lá foi atacada", disse Sánchez.

A Justiça argentina pediu ainda a prisão preventiva de um terceiro suspeito. De acordo com a polícia, o mesmo carro usado para deixar a menina no hospital foi visto próximo à escola.

Preocupação com insegurança

Pesquisas recentes revelam que a insegurança se transformou na principal preocupação dos argentinos. E a violência de gênero está no centro do problema: estatísticas do Ministério da Segurança mostram que crimes sexuais aumentaram 78% entre 2008 e 2015.

O Registro Argentino de Feminicídios, órgão do governo criado em 2015 após uma grande marcha contra a violência contra a mulher, estima que duas de cada dez mulheres assassinadas na Argentina tenham feito queixas prévias sobre violência.

A Argentina tem, de acordo com estatísticas oficiais, um dos maiores índices de tráfico humano da América do Sul.

"Mas não podemos encarar casualmente o fato de que Lucía foi violada e morta em Mar del Plata, onde já se mataram mulheres impunemente para proteger as redes de tráfico de mulheres", disse, em comunicado no Facebook, a ONG Ni Una Menos (Nem uma a menos, em português), que denuncia casos de violência contra a mulher na Argentina.

Com 600 mil habitantes, Mar del Plata é o município argentino com o maior número de condenações por exploração sexual.

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A publicação, com quase duas mil curtidas em apenas 24 horas, também convoca organizações de gênero para uma paralisação de mulheres nesta quarta-feira.

"Vi mil coisas na minha carreira, mas nada igual a isso. Sei que não é muito profissional dizer isso, mas sou mãe e mulher", afirma a promotora.

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