Opositores venezuelanos presos fazem greve de fome
Ex-prefeito preso, Daniel Ceballos, foi transferido de presídio na madrugada deste sábado sem aviso prévio
Os ex-prefeitos opositores venezuelanos Leopoldo López e Daniel Ceballos, que estão detidos, iniciaram no sábado uma greve de fome com várias demandas ao governo do presidente Nicolás Maduro, anunciou López em um vídeo clandestino gravado em sua cela e divulgado no YouTube.
"Daniel Ceballos e eu tomamos a decisão de iniciar uma greve de fome com uma petição muito concreta: a libertação dos presos políticos; o fim da perseguição, da repressão e da censura; que sejam fixadas definitivamente as datas para as eleições parlamentares e que contem com a observação eleitoral da OEA e da União Europeia", afirma López.
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No vídeo clandestino, de quase quatro minutos de duração, López fala em uma cela estreita da prisão militar de Ramo Verde (onde está detido desde fevereiro de 2014).
O líder opositor afirma na mensagem que um ano e três meses depois das primeiras manifestações do movimento "La Salida" - que exigia a renúncia de Maduro -, "a situação é pior que no ano passado: mais filas, mais inflação, mais escassez, mais insegurança, mais corrupção e, inclusive, até denúncias de narcotráfico ao mais alto nível do governo".
Além da greve de fome, Leopoldo López faz uma convocação a seus seguidores para uma "manifestação contundente, maciça, pacífica, sem nenhum tipo de violência no próximo sábado", para promover uma mudança na situação do país.
O vídeo de López foi divulgado no sábado, mesmo dia em que Ceballos foi transferido - sem aviso prévio - durante a madrugada a uma penitenciária para réus comuns em Guárico (centro) e em que Leopoldo López recebeu uma medida disciplinar por ter sido encontrado com um telefone celular, o terceiro em quatro meses, violando as normas de reclusão, anunciou a Defensoria Pública.
De acordo com a imprensa ligada ao governo, as autoridades venezuelanas descobriram um suposto plano de fuga dos dois detentos, o que que motivou a transferência súbita.
López e Ceballos foram enviados para a prisão militar de Ramo Verde acusados de conspiração durante os protestos da oposição entre fevereiro e maio de 2014, que terminaram com 43 mortos e centenas feridos.
A transferência
O governo venezuelano transferiu durante a madrugada deste sábado o ex-prefeito opositor Daniel Ceballos, preso desde 2014, a uma prisão para processados judiciais em Guárico (centro), informou a Defensoria Pública.
"Daniel Ceballos está isolado em um novo local de detenção conhecido como Centro para Processados 26 de Julho (Guárico)", afirmou o titular da Defensoria, Tarek William Saab, em sua conta do Twitter.
O funcionário disse que se constatou que Ceballos tem bom estado de saúde e que ele poderá receber visitas no no novo local, "assegurando-se seus direitos humanos".
A transferência de Ceballos provocou protestos da coalizão opositora venezuelana Mesa da Unidade (MUD), que entregou un documento ao Núncio Apostólico denunciando que "a vida de Daniel Ceballos foi colocada em uma situação de risco extremo pelo governo nacional". A oposição garante que o político foi levado "de forma violenta à Penitenciária Geral da Venezuela em San Juan de los Morros, estado Guárico, lugar onde sua vida corre um risco gravíssimo".
Saab, contudo, negou que Ceballos esteja na Penitenciária Geral da Venezuela.
A subsecretária de Estado dos Estados Unidos, Roberta Jacobson, disse em sua conta do Twitter que está "preocupada" pela transferência de Ceballos "a uma prisão distante, sem aviso", acrescentando que os direitos humanos na Venezuela "devem ser respeitados" e que o país caribenho "deveria liberar seus presos políticos".
Ceballos estava na prisão militar de Ramo Verde, nas proximidades de Caracas, desde março de 2014, acusado de conspiração, em meio aos protestos opositores ocorridos em várias cidades da Venezuela entre fevereiro e maio, e que deixaram 43 mortos e centenas de feridos.
No época em que foi preso, Ceballos era o prefeito de San Cristóbal, cidade do estado de Táchira, na fronteira com a Colômbia e onde começaram as manifestações em fevereiro de 2014.