Uma organização pelos direitos dos homossexuais acusou de "homofóbicos" e "machistas" senadores que apoiaram o presidente do Paraguai, Horácio Cartes, na decisão de não assinar um documento contra a discriminação, no marco da 44ª assembleia-geral da OEA, realizada na próxima semana em Assunção.
"A violência, o machismo e a homofobia estão conectados. Quando esta prática vem de figuras públicas, como senadores da República, resultam ainda mais graves", expressou um comunicado divulgado pela organização Somosgay.
Trata-se de uma reação ao que chamaram de "opiniões homofóbicas" emitidas por vários senadores durante um debate sobre um projeto de resolução da OEA, promovido pelo Brasil, relacionado aos direitos civis dos homossexuais.
Cartes anunciou antecipadamente que não assinará o documento, num intuito de frear uma grande mobilização anunciada por fiéis católicos e cristãos durante a assembleia da OEA, que ocorrerá em Assunção entre 3 e 5 de junho.
Uma declaração do Senado, não endossada pela minoria esquerdista, insitou o governo a "promover o direito à vida desde a concepção e a proteção integral da família nos moldes estabelecidos pela Constituição".
Durante o debate, o senador do partido governista Carlos Núñez disse: "Quando vejo um homem vestido de mulher na rua tenho vontade de colocar minha cabeça para fora da janela do carro e gritar 'escória da sociedade'".
"Não se pode pedir uma lei para que um homem beije outro homem com bafo de onça", agregou o senador Manuel Bóbeda.
O senador Luis Castiglioni argumentou que são os cristãos "os que se sentem discriminados", após ressaltar que no mundo "há um forte lobby para ir contra a natureza do homem".
A organização Somosgay denunciou que "o uso da orientação sexual ou identidade de gênero das pessoas como insulto é uma prática que agrava aspectos violentos e autoritários da sociedade, fruto de uma cultura baseada em preceitos machistas".
O chileno Daniel Zamudio foi encontrado morto e mutilado em uma parque de Santiago, no Chile, com suásticas gravadas em sua pele com um objeto cortante, em 2012
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Centenas de chilenos marcham pelas ruas de Santigo, em 30 de março de 2012, contra a morte de Daniel Zamudio. A população pede que os responsáveis por crimes dessa espécie sejam condenados
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Americanos fazem manifestação após a morte de Mark Carson, 32, vítima de homofobia, em Nova York, em 2013
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Pessoas prestam homenagem ao americano vítima de crime de ódio em Nova York. Um homem de 33 anos foi acusado de ter atirado contra Carson após ter pronunciado frases homofóbicas
Foto: AFP
O americano Matthew Shepard, de 21 anos, apanhou até a morte por ser homossexual. Seu corpo foi achado em Laramie, Wyoming, em outubro de 1998
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Parentes de Mattew Shepard visitam o local onde o corpo do jovem de 21 anos foi encontrado. O assassinato de Shepard chamou atenção nacional e internacional para os crimes de ódio contra homossexuais inspirando leis contra práticas discriminatórias nos Estados Unidos
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Raphael Martins, 20 anos, e Danilo Ferreira Putinato, 21 anos, foram atacados por cerca de 15 homens dentro de um vagão da Linha-Azul do Metrô de são Paulo em novembro de 2014. O casal foi obrigado a sair da composição e depois, espancado pelo grupo. Os namorados fizeram exame de corpo de delito no Instituto Médico Legal e registraram boletim de ocorrência. Na época eles disseram que os agressores pareciam pertencer a uma torcida organizada, devido às roupas que vestiam.
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O estudante americano Tyler Clementi, de 18 anos, suicidou-se logo após ter um vídeo mostrando seu encontro com outro rapaz postado na internet, em outubro de 2010
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Estudantes prestam homenagens, em 1º de outubro de 2010, a Tyler Clementi, na Universidade Rutgers, em New Brunswick, Nova Jersey. Dois estudantes da Rutgers entraram no quarto do garoto e filmaram o seu encontro com outro homem
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Gabe Kowalczyk publicou em outubro de 2014 em sua página no Facebook um depoimento em que relata como foi espancado e sofreu tentativa de estupro, no bairro de Interlagos, na zona sul de São Paulo. "Você quer ser mulher? Então agora vai apanhar como mulher", teriam gritado os agressores, que fugiram assustados com a movimentação de vizinhos. Apesar da agressão, o jovem não se intimidou. "Uma pequena mensagem para quem está amedrontado, sofrendo, ou coisa do tipo: não mude. Você é perfeito assim” disse ele na época.
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O ativista Harvey Milk tornou-se um dos primeiros homens abertamente gays eleitos para um cargo público nos Estados Unidos. Ele foi assassinado na Câmara Municipal, juntamente com o prefeito George Moscone, em 1978, um ano após ser eleito
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O corpo do ativista americano Harvey Milk é retirado do edifício da prefeitura de São Francisco, em 1978