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Para Mujica, EUA foram 'ingênuos' e erraram o alvo na política antidrogas

31 jan 2013 - 15h55
(atualizado às 16h24)
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O presidente do Uruguai, José “Pepe” Mujica usou o seu programa de rádio semanal para, mais uma vez, questionar as políticas existentes até agora sobre as drogas. O alvo de Pepe, desta vez, foram os Estados Unidos. O governante, que defende a legalização do consumo e da venda de maconha no país sul-americano para fragilizar com o narcotráfico, afirmou que os americanos são ingênuos por acreditar que com políticas de repressão é possível combater o tráfico.

O presidente do Uruguai utilizou o seu programa semanal de rádio para falar sobre a questão das drogas. 
O presidente do Uruguai utilizou o seu programa semanal de rádio para falar sobre a questão das drogas. 
Foto: EFE

Pepe disse que os Estados Unidos “acreditaram ingenuamente que com repressão à América Latina, o narcotráfico seria combatido”. No entanto, na opinião de Mujica, as políticas repressivas aumentam “de forma permanente o tráfico de drogas”. Para ele, os americanos não encontraram a forma adequada para diminuir ou eliminar o consumo interno de drogas.

José Mujica enviou ao legislativo uruguaio no ano passado um projeto que prevê a legalização do consumo de maconha no país. Além disso, o projeto faz do Estado o controlador da produção e da venda da droga. Pepe argumenta que é preciso se aproximar dos usuários para oferecer tratamento e, ao mesmo tempo, fragilizar os traficantes tomando para si “o negócio” que dá lucro a eles.

No entanto, o próprio presidente pediu que os legisladores atrasassem a votação do projeto depois que uma pesquisa revelou que a maioria da população do Uruguai era contra a legalização da maconha. Mujica alegou que, antes, era preciso conscientizar as pessoas que essa é a forma correta de combater o narcotráfico.

No seu programa de rádio, Pepe destacou que "o grande mercado" para o tráfico de drogas "está nos Estados Unidos". "Os latino-americanos estão no meio deste problema" e o tráfico de drogas "gerou uma verdadeira batalha sangrenta no continente e ameaça se multiplicar", acrescentou Mujica.

Pela segunda semana consecutiva, o presidente utilizou o programa de rádio para se referir ao tema do tráfico de drogas. No último dia 24, ele insistiu de que o narcotráfico é o "verdadeiro veneno" das sociedades na atualidade e disse que seus efeitos são muito piores do que os da droga.

A princípio, os deputados governistas tinham a intenção de aprovar o projeto antes do final do ano passado e passar ao Senado para que se transformasse em lei no primeiro semestre de 2013.

A legalização

A coalizão de esquerda Frente Ampla, de Mujica, tem maioria tanto na Câmara dos Deputados, onde atualmente é analisado o projeto de lei que legaliza a maconha, como no Senado, onde será enviado posteriormente, mas questão gera polêmica e divide todos os partidos com representação parlamentar.

O projeto de lei autoriza o Estado a assumir "o controle e a regulação de atividades de importação, exportação, plantação, cultivo, colheita, produção, aquisição, armazenamento, comercialização e distribuição de cannabis ou seus derivados". Segundo números da Junta Nacional de Drogas, 20% dos uruguaios de idades entre 15 e 65 anos consumiu maconha alguma vez na vida e 8,3% consumiu no último ano.

EFE   
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