Preso que fugiu da cadeia ao se passar por irmão gêmeo é recapturado no Peru
Alexander Delgado, condenado a 16 anos por abuso sexual de menor e roubo, deixou o irmão em seu lugar na cela e saiu tranquilamente; longa investigação levou a seu paradeiro, um ano depois.
Eles são tão parecidos que a polícia foi incapaz de reconhecer que o homem que deixou a prisão era, na verdade, o que deveria ter ficado atrás das grades.
Alexander Delgado Herrera, de 27 anos, escapou pela porta da frente do presídio de Lima, no Peru, no dia 10 de janeiro do ano passado, depois de trocar com o irmão gêmeo, Giancarlo Stuard, durante uma visita.
Condenado a 16 anos de prisão por abuso sexual de menor e roubo, Alexander foi recapturado essa semana, mais de um ano depois. Ele vai ser levado para uma prisão de segurança máxima.
Giancarlo chegou a ser detido e investigado sob a suspeita de ter colaborado com a fuga. Mas ele não foi denunciado e está livre.
Alexander aproveitou a visita do irmão para trocar de identidade. Vestiu a roupa dele, pegou seus documentos e saiu da prisão fingindo ser Giancarlo, segundo o Instituto Nacional Penitenciário.
Os guardas só suspeitaram horas depois de que o preso "errado" estava na cela.
"Em 12 anos, ninguém havia escapado de Ancón 1", afirmou, à época, a ministra de Justiça, Marisol Pérez Tello, referindo-se à prisão de alta segurança da qual Alexander fugiu.
Foi preciso mais de um ano de investigação para conseguir capturar o preso, que agora enfrenta um novo processo judicial e pode ter a pena aumentada.
Ele chegou a entrar para a lista dos homens mais procurados do Peru. O Ministério do Interior ofereceu recompensa de US$ 6 mil (cerca de R$ 20 mil) para quem tivesse informações capazes de levar à sua prisão.
Estratégia bem elaborada
De acordo com a imprensa peruana, Giancarlo negou ter colaborado com a fuga - ele afirmou que foi dopado pelo irmão.
Mas a Polícia Nacional Peruana desmentiu essa versão à BBC Mundo, o serviço em espanhol da BBC.
"O irmão (Giancarlo) estava consciente do que estava fazendo. Sabia que receberia uma pena menor porque iria se passar por vítima ao dizer às autoridades que foi adormecido (por Alexander)", disse o porta-voz da Divisão de Investigação de Sequestros.
Para a polícia, foi uma estratégia bem "elaborada pela família, irmãos e assessoria jurídica".
Giancarlo foi investigado por supostamente ter colaborado com a fuga, mas a Promotoria não o denunciou.
O desafio de saber quem é quem
Com os gêmeos na rua, a polícia enfrentou dificuldades para descobrir o verdadeiro paradeiro de Alexander.
"Tínhamos que ter certeza que se tratava do foragido, e não do irmão", disse o porta-voz da polícia.
Foi preciso investigar a família e acompanhar os movimentos de Giancarlo, que chegou a ser detido "por alguns minutos" há um mês para a polícia ter certeza de qual dos irmãos se tratava.
A polícia identificou, então, que familiares e pessoas próximas aos irmãos entravam e saiam com frequência de uma casa em Callao, próximo à Lima.
Na segunda-feira, de acordo com a polícia, investigadores entraram no local.
Ao ver os policiais, Alexander tentou fugir, mas foi detido. A identidade dele acabou confirmada: segundo os policiais, trata-se mesmo do homem preso em 2015 e que deveria cumprir pena de 16 anos.
As autoridades peruanas afirmaram que, quando fosse recapturado, o preso seria levado à penitenciária de segurança máxima de Challapalca, que fica em um local do sul do Peru com altitude de quase 5 mil metros.