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Relação entre Cuba e EUA faz dissidentes repensar estratégia

O presidente Obama cometeu um erro, disse Berta Soler, líder das Damas de Branco, um grupo católico que promove marchas de protesto todo domingo

23 dez 2014 - 18h56
(atualizado às 19h20)
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Sei de pessoas que se ofendem com essa palavra, mas eu uso de propósito, afirmou o dissidente Guillermo Farinãs
Foto: Enrique De La Osa / Reuters

A decisão do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, de encerrar cinco décadas de inimizade com Cuba estremeceu os dissidentes políticos da ilha, dividindo-os e fazendo alguns deles repensar suas táticas.

Durante a Guerra Fria e depois, os Estados Unidos contaram com o pequeno movimento dissidente para liderar a oposição doméstica ao governo comunista de Cuba e para manter um registro dos abusos aos direitos humanos.

Após Obama ter rasgado na semana passada a antiga política destinada a prejudicar Cuba, alguns dissidentes se sentem traídos e incertos sobre seu movimento, que enfurecia o governo e tem apoio limitado da opinião pública.

Os Estados Unidos ainda irão encorajar os cubanos a pressionarem por mais direitos políticos, mas o governo agora tem um canal direto próprio com o governo do presidente Raul Castro, levantando incertezas sobre o valor dos dissidentes no futuro para os norte-americanos.

Enquanto alguns líderes dissidentes receberam bem a mudança de diretrizes, que deve deixar o governo cubano sem desculpas em caso de desaceleração econômica ou controle político severo, outros reclamaram que o acordo foi negociado sem seu conhecimento e contra sua vontade.

"O presidente Obama cometeu um erro", disse Berta Soler, líder das Damas de Branco, um grupo católico que promove marchas de protesto todo domingo. "Isso irá beneficiar o governo cubano, fortalecendo e equipando sua máquina de repressão."

Enquanto seu grupo protestava nas ruas, enfrentando abusos e detenções, os Estados Unidos promoviam negociações em segredo com Havana durante os últimos meses.

Protestantes

Guillermo Fariñas, que foi detido 38 vezes consecutivas em protestos semanais na frente de sua casa na cidade de Santa Clara, foi ainda mais duro. "Eu me sinto traído", disse Fariñas, que se incomodou com o caráter secreto das conversas, dizendo que as opiniões dos dissidentes foram ignoradas. "Sei de pessoas que se ofendem com essa palavra, mas eu uso de propósito."

Fariñas estava presente no encontro de 29 dissidentes de Cuba que se reuniram por 10 horas na segunda-feira no escritório do 14ymedio, o site de notícias e opiniões da famosa blogueira Yoani Sanchez.

Soler não compereceu. Outros líderes dissidentes gostaram da mudança política de Obama, ou a aceitaram como uma realidade que estaria além de seu controle. Em nota publicada em conjunto, eles aplaudiram a troca de prisioneiros que permitiu a soltura do americano Alan Gross e outros 50 prisioneiros cubanos.

Uma autoridade americana descreveu os cubanos livres como presos políticos, mas os dissidentes ainda têm de confirmar se algum de seus aliados foi solto, questionando quem realmente os EUA lutaram para libertar.

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