Sacerdote da Nicarágua afirma que Fidel é "eleito de Deus"
O sacerdote e ex-chanceler da Nicarágua, Miguel D'Decoto Brockmann, disse nesta terça-feira que o líder cubano Fidel Castro é um eleito de Deus para transmitir a mensagem do Espírito Santo na América Latina. "O Vaticano pode silenciar todo o mundo, então Deus fará com que as pedras falem e que as pedras transmitam sua mensagem, mas não fez isso, escolheu o maior latino-americano de quase todos os tempos: Fidel Castro", declarou o religioso, de 81 anos, ao Channel 4 da televisão local.
D'Decoto, atual assessor para assuntos limítrofes e de relações internacionais do governo do presidente da Nicarágua, o sandinista Daniel Ortega, fez estas declarações um dia depois de o Vaticano publicar a decisão papal de revogar a "suspensión a divinis" que lhe tinha sido imposta pelo papa João Paulo II.
"É através de Fidel Castro que o Espírito Santo nos transmite a mensagem. Essa mensagem de Jesus, da necessidade de lutar por estabelecer firme e irreversivelmente o reino de Deus nesta terra, que é sua alternativa ao império", continuou.
Além disso, o também ex-presidente da Assembleia Geral da ONU revelou que a revogação de seu castigo ocorreu graças ao apoio do núncio apostólico na Nicarágua, Fortunatus Nwachukwu, que lhe recomendou escrever uma carta ao papa Francisco para solicitar o fim da suspensão.
O religioso foi suspenso pelo falecido papa João Paulo II em 1984, após sua entrada no governo sandinista da Nicarágua. O papa Francisco aceitou a revogação da suspensão e pediu ao superior geral da congregação que siga com o processo de reintegração do sacerdote nicaraguense.
Miguel D'Decoto Brockmann nasceu em 5 de fevereiro de 1933 em Los Angeles (Estados Unidos), foi ordenado em Nova York em 1961 e se transformou em um dos expoentes da Teologia da Libertação.
Sua colaboração com a Frente Sandinista de Libertação Nacional (FSLN) da Nicarágua começou em 1975 através do Comitê de Solidariedade nos Estados Unidos. Após o triunfo da revolução sandinista, D'Decoto foi chamado pela Junta de Reconstrução Nacional para ser ministro das Relações Exteriores.
Após o retorno ao poder de Ortega em janeiro de 2007, o religioso foi nomeado assessor para assuntos limítrofes e de relações internacionais.