Santos perde maioria absoluta no Senado colombiano
O governo colombiano perdeu a maioria no Senado ao conseguir 47 de 102 cadeiras, enquanto o ex-presidente Álvaro Uribe e seu movimento Centro Democrático, que lideraram a apuração, mas terminaram atrás do Partido do U, do atual líder Juan Manuel Santos, lideram a oposição. Com esses resultados, a coalizão do governo terá que se apoiar em alguns senadores conservadores considerados "santistas" ou traçar alianças com a esquerda para obter maiorias e aprovar os acordos de paz do processo de paz com as Farc de Havana.
Uma das grandes decepções foi o partido União Patriótica (comunista), nascido em 1985 por um acordo entre o governo e as Farc e que retornava as eleições após duas décadas de ausência e que não conseguiu representação em nenhuma das duas câmaras. O partido de Santos ganhou com 15,31% e 21 cadeiras (menos que as 28 obtidas em 2010), enquanto segundo, com menos de um ponto percentual (14,53%), ficou Centro Democrático, com 20 senadores, com 96,06% das urnas apuradas.
Em terceiro ficou o Partido Conservador, com 13,46% e 18 cadeiras (quatro a menos que em 2010) e o governista Partido Liberal, considerado o grande derrotado da noite com 17 cadeiras, as mesmas das eleições passadas, com 12,2%. Mudança Radical, o terceiro integrante da coalizão governista ficou em 5º com 9 cadeiras (6,93%), uma a mais que em 2010.
Com isso a coalizão que apoia Santos somou 47 cadeiras e ficou a cinco da maioria absoluta no Senado e seis a menos do que quatro anos atrás (53). Em 6º ficou o partido de centro-esquerda Aliança Verde, com cinco cadeiras (3,99%), , e o esquerdista Polo Democrático Alternativo caiu três posições e ficou com cinco e 3,83% dos votos.
Completam a lista os cinco senadores do Partido Opção Cidadã, quatro a menos que em 2010, e dois de minorias indígenas, enquanto o Movimento evangélico Mira ficou sem representação. O partido de Uribe ganhou em 12 dos 32 departamentos e nas principais cidades, como Bogotá (20,27%) e Medellín (34,94%), enquanto em Cali venceram os liberais (12,59%). Na Câmara dos Representantes o cenário foi inverso ao do Senado, pois ganharam as forças governistas.
O Partido Liberal foi o vencedor, com 39 cadeiras, uma a mais que em 2010, seguido do Partido do U, com 36, 12 a menos que há quatro anos. Foram seguidos pelo Partido Conservador, com 27 (36 em 2010); Mudança Radical com 16, o mesmo que há quatro anos; o Centro Democrático com 12; seis para a Aliança Verde (3), também 6 para o Partido Opção Cidadã (11) e 3 para o Polo Democrático Alternativo (5).
Seis cadeiras foram para a formações minoritárias, duas para afrodescendentes e uma para indígenas. Com estes resultados a coalizão governamental soma 91 representantes, acima da maioria absoluta, de 84, mas abaixo dos 102 que somavam em 2010.
Estes resultados da Câmara dos Representantes são quase totais, mas ainda há 12 cadeiras por alocar. Nas eleições do Parlamento Andino, com 93,75% das urnas apuradas, venceram os conservadores com o 9,27% dos votos e dois representantes, seguidos pela Aliança Verde (8,06%) também com dois e o Polo Democrático Alternativo, com um (7,14%) e um delegado.
Neste pleito, que não contou com a participação de Partido do U, Partido Liberal nem de Centro Democrático, o grande vencedor foi o voto em branco, com 36,19%. Hoje também se celebrou a consulta interna para escolher o candidato presidencial da Aliança Verde entre o ex-prefeito de Bogotá Enrique Peñalosa e os senadores Camilo Romero e John Sudarsky. A Registradoria informou que a apuração começará quando terminar a do Senado.
As de hoje foram as eleições mais tranquilas a acontecer na Colômbia, quase sem ataques das Farc e do Exército de Libertação Nacional (ELN), as duas guerrilhas do país. Segundo a Missão de Observação Eleitoral as Farc explodiram uma bomba contra a polícia no município de Briceño (em Antioquia, noroeste) e incineraram um veículo em uma via do departamento de Meta (no centro do país).
Além disso, a guerrilha atrasou o início das votações em duas seções de Putumayo (sul), e as autoridades desativaram bombas no município de Saravena (Arauca, nordeste) e em Apartadó, na Antioquia.