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Série de linchamentos causam alarde e polêmica na Argentina

2 abr 2014 - 01h06
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Uma série de linchamentos de delinquentes que aconteceram nos últimos dias na Argentina gerou nesta terça-feira uma troca de acusações entre governo e oposição sobre quem tem a responsabilidade pela resposta violenta dos cidadãos para a situação de insegurança no país.

Em entrevista coletiva, o chefe de Gabinete do Executivo, Jorge Capitanich, descartou hoje que esses episódios de violência, que começaram na semana passada em Rosário e se repetiram nesta segunda-feira em Buenos Aires, aconteçam pela "ausência do Estado".

Capitanich respondia assim ao líder da oposição, Sergio Massa, que enfatizou, em declarações à imprensa, a necessidade de se construir "um governo que garanta o Estado de Direito e o cumprimento da lei", assim como políticas que respondam às necessidades da sociedade.

Para Massa, candidato à Presidência argentina em 2015, "a violência geral deve gerar preocupação em todos os argentinos", porque "sem dúvida, qualquer tentativa de se fazer justiça com as próprias mãos deve ser repudiada e é absolutamente condenável".

O chefe de Gabinete qualificou as palavras do líder opositor de "uma simplicidade absurda" e destacou que a quantidade de efetivos de segurança em nível nacional supera os 100 mil agentes e as províncias reúnem 205 mil efetivos.

"O Estado não intervém somente através do Executivo, mas o Judiciário e o Legislativo também têm responsabilidade. Existe um conjunto de leis que devem ser implementadas pelo Poder Judiciário, que deve agir rapidamente frente a essas questões", disse Capitanich.

Durante a apresentação de um plano governamental para a prevenção e a recuperação de dependentes químicos nesta segunda-feira, a presidente argentina, Cristina Kirchner, condenou os incidentes violentos dos últimos dias e defendeu a inclusão como forma de combatê-los. "O que se sente na periferia é que esta sociedade não estendeu sua mão para eles. E quanto maior é o grau de exclusão, maior é o grau de violência, que é o que queremos evitar", afirmou Cristina.

Em declarações a uma rádio local, o titular da Secretaria para a Prevenção da Toxicomania e a Luta contra o Tráfico de Drogas (Sedronar), o padre católico Juan Carlos Molina, incentivou que se "detenha rapidamente a cultura da violência" que, segundo ele, é a razão para os linchamentos dos delinquentes. "O linchamento transforma você em um assassino e, se não, no mínimo em um vingador", disse.

Por sua vez, o juiz Eugenio Zaffaroni, membro da Suprema Corte, sustentou que "os linchamentos não são justiçamentos, mas homicídios qualificados". "Uma coisa é deter o sujeito e exercer certa violência para isso. Outra coisa é matar uma pessoa", comentou Zaffaroni em declarações à Rádio Nacional.

Na semana passada, um criminoso morreu em Rosário, a cerca de 300 quilômetros de Buenos Aires, após ser espancado por um grupo de moradores revoltados porque ele havia roubado a bolsa de uma mulher que caminhava com sua filha.

Esse incidente foi o último de uma série de espancamentos que, em circunstâncias parecidas, ocorreram nessa cidade do centro do país, onde o tráfico de drogas aumentou a insegurança no último ano.

Ontem, o bairro de Palermo em Buenos Aires foi o cenário de um novo episódio de violência protagonizado por um grupo de moradores que espancaram um ladrão após um roubo. A esses casos se somam outros três conhecidos hoje: o linchamento de um assaltante na província de La Rioja (norte), outro em Córdoba (centro) e uma surra em um adolescente em Rosário, que foi acusado de tentar roubar um pedestre.

Segundo a imprensa local, os casos de agressões físicas na via pública contra supostos delinquentes já chegam a dez nos últimos nove dias.

EFE   
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