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Site de Yoani Sánchez é bloqueado em Cuba, diz AFP

Acesso é possível a partir de servidores de outros países; maioria dos cubanos não pode ler o jornal, já que apenas 2,6 das 11,2 milhões de pessoas têm acesso à internet e muitos só podem ver a rede controlada pelo governo

21 mai 2014 - 12h37
(atualizado às 13h35)
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<p>Capa do novo site de notícias "14ymedio", da blogueira opositora Yoani Sánchez</p>
Capa do novo site de notícias "14ymedio", da blogueira opositora Yoani Sánchez
Foto: Reprodução

O novo site de notícias "14ymedio" da blogueira opositora Yoani Sánchez foi bloqueado nesta quarta-feira nos servidores cubanos três horas depois de ter sido lançado na internet, conforme aponta a agência AFP.

Ao entrar na página, o conteúdo que aparecia nos servidores cubanos não era o genuíno, mas uma página chamada "Yoanislandia.com", que continha ataques contra a blogueira opositora ao governo cubano e incluía diversos artigos assinados por blogueiros a favor da ditadura do presidente Raúl Castro.

O site foi lançado por Sánchez às 08h00 locais (09h00 de Brasília) e o bloqueio teve início às 11h00 (12h00 de Brasília), comprovaram jornalistas da AFP. Utilizando servidores em outros países é possível visualizar o conteúdo original da página.

"Yoani Sánchez só pensa no dinheiro, descobre tardiamente um de seus tradutores", era o título da principal matéria da página substituta, em alusão a uma disputa entre a blogueira e seu tradutor italiano.

Esta página, com o mesmo endereço que a original de Sánchez, continha ainda artigos assinados por Iroel Sánchez e M.H. Lagarde, dois conhecidos blogueiros cubanos.

"Este é um site de pessoas fartas de que Yoani Sánchez se apresente como a Madre Teresa de Calcutá dos dissidentes cubanos", dizia uma mensagem intitulada "Quem somos" da página substituta, que exibia ao fundo bandeiras dos Estados Unidos e da União Europeia, e outras com os nomes de meios de comunicação estrangeiros críticos do governo cubano.

Primeiro jornal digital independente de Cuba

O site é o primeiro jornal digital independente da ilha comunista, em um desafio ao monopólio estatal sobre os meios de comunicação em um país onde o acesso à Internet é limitado.

O 14ymedio.com foi lançado online com doações não identificadas de cerca de US$ 150 mil, com o foco em dar espaço para críticas ao governo, que por sua vez vê adversários como mercenários a serviço de potências estrangeiras que podem ser punidos com prisão. "'14ymedio' é a evolução de uma aventura pessoal em um projeto coletivo", diz a publicação.

A primeira edição do jornal conta com uma ampla gama de temas, de política a cultura, com ênfase na crítica ao sistema de saúde cubano e um questionamento do status do beisebol como esporte nacional.

A cobertura inclui o artigo "Madrugada Vermelha: Havana está matando por aí", de Victor Ariel González , sobre a violência na capital da ilha.

Também inclui artigos de opinião sobre o plano de reforma econômica que o presidente cubano está implementando, assinado pela também blogueira dissidente Miriam Celaya, entre outros.

A publicação também traz entrevistas, reportagens e discussões sobre a participação dos cidadãos e o jornal do futuro.

A maioria dos cubanos não pode ler o jornal, uma vez que apenas 2,6 milhões de pessoas de uma população de 11,2 milhões têm acesso à Internet e muitos só podem ver a Intranet controlada pelo governo.

<p>A blogueira cubana Yoani Sánchez é entrevistada em um programa da TV local em Lima, no Peru, em abril de 2013</p>
A blogueira cubana Yoani Sánchez é entrevistada em um programa da TV local em Lima, no Peru, em abril de 2013
Foto: Enrique Castro-Mendivil / Reuters

Yoani, de 38 anos, é uma crítica severa do governo, contra o qual promoveu ataques em seu popular blogue "Geração Y" e em sua conta da rede social Twitter. Seus posicionamentos a levaram à prisão em várias ocasiões.

O nome do jornal é em homenagem ao ano em que foi criado e ao andar do apartamento onde Yoani vive. A equipe editorial é dirigida por seu marido, Reinaldo Escobar.

A equipe inclui outros profissionais, além de dois jornalistas, há um dentista, um engenheiro civil e outros. De acordo com Yoani, eles não serão pagos pelo trabalho.

A publicação não tem uma redação em Havana ou conexão de e-mail. Os jornalistas vão usar mensagens de texto de telefones celulares. As histórias serão enviados para a internet através de acesso sem fio a partir de hotéis e locais públicos.

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Fonte: Terra
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