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Uruguai: Vázquez vence e governará com apoio no Congresso

Tabaré Vázquez foi o primeiro presidente de esquerda do Uruguai, entre 2005 e 2010

1 dez 2014 - 06h14
(atualizado às 07h18)
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Vázquez vence as eleições com mais de 50% dos votos e será sucessor de Mujica
Vázquez vence as eleições com mais de 50% dos votos e será sucessor de Mujica
Foto: Carlos Pazos / Reuters

O oncologista Tabaré Vázquez, de 74 anos, será o próximo presidente do Uruguai, a partir de 1º de março de 2015.

Com todas as urnas apuradas, o favoritismo do candidato de coalizão da esquerda, pertencente à mesma Frente Ampla, de José Pepe Mujica, foi confirmado por 53,6% dos eleitores, segundo dados do Tribunal Eleitoral do país.

O candidato da oposição, Luis Lacalle Pou, do Partido Nacional, registrou 41,1% da preferência dos eleitores.

Tabaré Vázquez foi o primeiro presidente de esquerda do Uruguai, entre 2005 e 2010, depois de 174 anos de governo dos partidos Colorado e Nacional.

Sua nova gestão será sob vários aspectos um governo de continuidade não só em relação às políticas impulsionadas por Mujica – como o aprofundamento da redução da pobreza e a discussão e aprovação de uma agenda de direitos civis – mas também em relação a novos compromissos sintonizados com o momento atual do Uruguai. E que têm ligação direta com parte do legado deixado por Vázquez em sua primeira gestão.

Educação e segurança

Educação e segurança estão entre as principais preocupações dos uruguaios, segundo as pesquisas de opinião do país.

<p>O presidente do Uruguai, José Mujica, vota em Montevidéu; uruguaios decidiram neste domingo o próximo presidente</p>
O presidente do Uruguai, José Mujica, vota em Montevidéu; uruguaios decidiram neste domingo o próximo presidente
Foto: Carlos Pazos / Reuters

No primeiro tema, Vázquez instituiu nas escolas públicas o Plano Ceibal, um projeto de informatização para crianças e adolescentes que serviu de modelo para outros países. A iniciativa foi uma das principais marcas do seu governo. Ele sinalizou que irá impulsionar um "pacote de leis" - sem dar detalhes - em que esses dois temas devem estar presentes.

"O Uruguai de hoje não é nem o de 2005 nem o de 2010. Surgem novas demandas e desafios", disse o presidente eleito em seu discurso de vitória na noite de domingo, em um hotel no centro de Montevidéu.

Também sinalizou a construção de "pontes" com a oposição e falou que convocará um "grande encontro nacional". Além do mais, ele afirmou a necessidade de "acordos entre todos os setores, em um diálogo produtivo e sem preconceitos".

Poder real e simbólico

A Frente Ampla governará com maioria parlamentar e com José "Pepe" Mujica como senador eleito. A agrupação de Mujica, o MPP – Movimento de Participação Popular –, foi a mais votada nessas eleições.

Por sua vez, com o pleito de ontem, Vázquez entra para a história como o presidente mais bem votado dos últimos 70 anos, o que significa que a força de esquerda contará com apoio real e simbólico para aprovar seus projetos na Câmara dos Deputados e no Senado.

Dentro desse cenário, Mujica "continuará a ter força e a ter que ser consultado", avalia o pesquisador, professor e analista político Álvaro Padrón.

Para o analista político e historiador uruguaio Gerardo Caetano, "um terceiro governo da Frente Ampla com maioria representa a consolidação de uma transformação política grande".

O primeiro programa de governo de Tabaré Vázquez, em 2005, foi de reconstrução nacional – o Uruguai vinha de uma grave crise, iniciada em 2002, com 40% da população abaixo da linha de pobreza.

"Agora, o roteiro é mais exigente e apresenta a necessidade de outro tipo de reformas estruturais, o que vai obrigar a esquerda a cumprir mudanças vinculadas com o desenvolvimento."

Dois projetos que já foram anunciados e que devem ganhar espaço no debate público nos próximos dias são o de regulação dos meios de comunicação – com a previsão de medidas de regulação econômica, de estabelecimento de cotas mínimas para a produção nacional e proibição de propaganda durante a programação infantil, entre outras – e a implantação de um Sistema Nacional de Cuidados, um arcabouço de medidas estatais e privadas com o objetivo de auxiliar no cuidado doméstico de crianças e idosos.

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