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América Latina

Venezuela: opositores exigem libertação de prefeitos detidos

Rosa Brandonisio e Patricia Gutiérrez substituíram seus maridos nas eleições após a Justiça condená-los e destituí-los

26 mai 2014 - 17h22
(atualizado às 17h24)
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<p>Líder da oposição e ex-parlamentar Maria Corina Machado (à esquerda) e candidata a prefeita Patricia Gutierrez cumprimentam eleitores em um comício de campanha em San Cristobal, Venezuela, em 22 de maio</p>
Líder da oposição e ex-parlamentar Maria Corina Machado (à esquerda) e candidata a prefeita Patricia Gutierrez cumprimentam eleitores em um comício de campanha em San Cristobal, Venezuela, em 22 de maio
Foto: AP

O amplo triunfo eleitoral das cônjuges de dois prefeitos venezuelanos destituídos e presos, com o apoio de 73% em um caso e de 87% em outro, deveria obrigar a Justiça a anular suas decisões judiciais e libertá-los, disseram nesta segunda-feira dirigentes opositores ao governo do presidente Nicolás Maduro.

"Maduro diz frequentemente que aqui o povo manda; de modo que se aqui o povo manda, que contundentemente depositou o voto a favor de Scarano e Ceballos, o povo deve ser respeitado e seus prefeitos devem ser libertados", disse em entrevista coletiva o secretário-geral do partido democrata-cristão Copei, Jesus Alberto Barrios.

Rosa Brandonisio, esposa de Enzo Scarano, e Patricia Gutiérrez, esposa de Daniel Ceballos, ganharam com folga as eleições que ocorreram neste domingo nos municípios de San Diego (centro) e San Cristóbal (noroeste), respectivamente.

Ambas as mulheres assumiram a candidatura da opositora Mesa da Unidade (MUD) para substituir seus maridos nas eleições convocadas após a decisão do Tribunal Supremo de Justiça (TSJ) de condenar Scarano a 10 meses e 15 dias de prisão, e Ceballos a 12 meses, e de destituí-los.

A condenação ocorreu por desacato. O tribunal entendeu que havia ordens para que os prefeitos impedissem o bloqueio de ruas em seus municípios, dois dos mais beligerantes desde que começaram os protestos contra Maduro há mais de três meses.

Rosa de Scarano colheu o respaldo de mais de 87% dos eleitores de San Diego e Patricia Gutiérrez se impôs em San Cristóbal com uma porcentagem superior a 73%, uma vitória "avassaladora e inclusive que superaram a votação de seus maridos" em dezembro, destacou Barrios.

Também o Movimento ao Socialismo (MAS) pediu a libertação de ambos os opositores destituídos pelo Supremo, que além disso considerou que atuaram a favor, com ações ou omissões, de grupos opositores violentos.

Os fatos de violência que ocorreram em volta dos protestos antigovernamentais deixaram até agora 42 mortos, centenas de feridos e detidos nessas e em outras cidades do país.

Felipe Mujica, líder nacional do MAS, manifestou em outra entrevista coletiva que "não há diferença" entre o pedido dos manifestantes para que Maduro renuncie e o fato de que, segundo sua opinião, foi Maduro que ordenou que Justiça condenasse os agora ex-prefeitos.

Para o prefeito metropolitano de Caracas, Antonio Ledezma, um dos artífices dos protestos contra Maduro, os resultados do pleito em San Diego e San Cristóbal "são os bilhetes de entrada da libertação" a favor de Scarano e Ceballos, segundo escreveu no Twitter.

Na mesma rede social o secretário-executivo da MUD, Ramón Guillermo Aveledo, disse que as esposas de Scarano e Ceballos alcançaram uma "grande vitória", que reflete "serenidade, firmeza, perseverança".

"Nada de triunfalismo. Unidade, visão clara, vocação de maioria e luta" e "a democracia é o caminho dos democratas e a MUD o veículo para transitá-lo", acrescentou Aveledo.

Em comunicado, a MUD destacou que a vitória de ambas as mulheres reflete o reconhecimento do trabalho dos prefeitos "que de maneira injusta foram removidos de suas acusações e permanecem detidos".

"Por isso os habitantes de San Diego e San Cristóbal validaram sua anterior decisão e com seu voto elegeram a continuação dessa gestão que agora levarão adiante Rosa e Patricia", acrescentou.

Pouco antes que as autoridades eleitorais informaram o resultado da apuração, Maduro advertiu que se as ganhadoras da jornada repetirem "loucuras" e insistirem na violência como arma política, outra vez "as autoridades atuarão e se for o caso (serão) destituídas pelo Poder Judiciário".

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EFE   
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