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Venezuela pede ajuda a cardeal do Vaticano para mediar crise

Pietro Parolin é considerado o número dois na hierarquia da Igreja Católica e deve ser nomeado "testemunha de boa fé" para um diálogo com o qual as duas partes concordaram após dois meses de protestos

9 abr 2014 - 15h43
(atualizado às 15h52)
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<p>Cardel Pietro Parolin representou o Vaticano na Venezuela entre 2009 e 2013 e é um diplomata de carreira frugal e avesso à publicidade</p>
Cardel Pietro Parolin representou o Vaticano na Venezuela entre 2009 e 2013 e é um diplomata de carreira frugal e avesso à publicidade
Foto: Reuters

O governo da Venezuela convidou formalmente nesta quarta-feira o cardeal Pietro Parolin, considerado o número dois na hierarquia do Vaticano, para mediar as conversas com a oposição, na esperança de conter a violência que já matou dezenas de pessoas nos piores no país distúrbios em uma década.

Em uma carta, o governo do presidente Nicolás Maduro pediu que Parolin, ex-enviado à Venezuela e atual secretário de Estado do Vaticano, seja nomeado "testemunha de boa fé" para um diálogo com o qual as duas partes finalmente concordaram depois de dois meses de protestos.

Um porta-voz do Vaticano confirmou a disposição da Igreja de mediar, mas não deu maiores detalhes.

A coalizão de oposição da Venezuela havia indicado que o atual enviado do Vaticano, Aldo Giordano, participaria das primeiras conversas formais, que devem começar na quinta-feira em Caracas. Os dois funcionários da Santa Sé são italianos.

Parolin, que representou o Vaticano na Venezuela entre 2009 e 2013, é um diplomata de carreira frugal e avesso à publicidade e, de acordo com aqueles que o conhecem, é a antítese de seus antecessores mais recentes.

O governo e a coalizão opositora Mesa de União Democrática (MUD) tiveram um primeiro encontro preliminar na terça-feira, concordando em iniciar um diálogo formal sobre problemas que vão do crime e das questões econômicas à detenção de manifestantes.

Entretanto, manifestantes radicais não estão contentes com as conversas, dizendo que não deveria haver diálogo enquanto um dos líderes dos protestos, o ex-prefeito Leopoldo López, e outros continuarem na prisão.

"Não acreditamos em um ‘diálogo' que o regime pretende ser um show político... nossa organização não irá chancelar nenhum diálogo com o regime enquanto a repressão, o aprisionamento e a perseguição de nosso povo continuarem", disse o partido Vontade Popular, de López.

Com as Forças Armadas aparentemente ao seu lado, e a oposição incapaz de atrair os milhões que esperava, o presidente Nicolás Maduro não parece estar ameaçado.

Mas ele enfrenta um desafio considerável para remediar algumas das causas da crise, como a maior inflação das Américas, falta de produtos básicos, um setor privado hostil e índices de violência que estão entre os mais altos do mundo.

Centenas de pessoas foram feridas e presas desde que os protestos começaram. Os mortos, que chegam a 39 de acordo com o governo, incluem apoiadores de Maduro, oposicionistas e membros das forças de segurança.

Maduro, um ex-motorista de ônibus de 51 anos, fez da preservação do legado socialista de seu padrinho e antecessor, Hugo Chávez, o princípio central de seu governo. Mas oposicionistas dizem que ele está arruinando a Venezuela por se ater a um modelo fracassado e autoritário.

Chanceleres da União de Nações Sul-Americanas (Unasul) estão mediando as conversas.

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