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Venezuela prende donos de rede de farmácias em “guerra econômica”

5 fev 2015 - 13h20
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A Venezuela prendeu dois executivos de uma grande rede de farmácias acusados de piorarem as longas filas de compradores no que o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, chama de “uma guerra econômica” em curso no país membro da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) e atualmente em recessão.

Pessoas esperam a vez para pagar dentro de uma farmácia da Farmatodo em Caracas. 03/02/2015
Pessoas esperam a vez para pagar dentro de uma farmácia da Farmatodo em Caracas. 03/02/2015
Foto: Jorge Silva / Reuters

O presidente-executivo da Farmatodo, Pedro Angarita, e o vice-presidente de operações, Agustín Álvarez, foram detidos para interrogatório no final de semana e formalmente acusados na quarta-feira, declarou o escritório do procurador-geral em um comunicado.

Durante meses, muitas das 167 lojas da rede, que além de remédios vende alimentos e produtos higiênicos, testemunharam grandes filas de consumidores em meio ao quadro de escassez de produtos básicos que assola a Venezuela há dois anos e que se agravou neste mês.

Os críticos de Maduro dizem que os problemas econômicos da nação são fruto dos 15 anos de socialismo linha-dura, especialmente as nacionalizações e os controles monetários, que deixam os importadores carentes de dólares.

O governo, entretanto, culpa líderes da oposição e empresários inescrupulosos – encorajados pelos Estados Unidos e pela mídia estrangeira – por abalarem a economia estocando, contrabandeando, aumentando preços e provocando filas.

Dependente do petróleo, a economia venezuelana encolheu 2,8 por cento e teve uma inflação de 64 por cento no ano passado, o pior desempenho da América Latina. Como a queda no preço do petróleo cortou as receitas pela metade, a maioria dos economistas prevê uma nova contração em 2015.

Os dois executivos da Farmatodo presos foram acusados especificamente de “boicote” e “desestabilização econômica”.

“No sábado passado, autoridades... inspecionaram uma farmácia dessa rede na avenida Los Ilustres, em Caracas, onde descobriram que vários caixas não estavam operando, enquanto uma grande fila de pessoas esperava para pagar por seus produtos”, disse o comunicado.

Não houve reação imediata da Farmatodo às acusações, embora a empresa tenha emitido uma declaração na segunda-feira afirmando que sua história de 96 anos na Venezuela é legal e transparente.

“Nosso principal objetivo é o fornecimento de remédios e produtos básicos em um prazo adequado para... os mais de 2,5 milhões de consumidores e pacientes que nos visitam semanalmente”, afirmou a nota. “Continuaremos a servir nossos consumidores com nosso profissionalismo característico.”

Também nesta semana as autoridades venezuelanas ocuparam mais de 35 lojas pertencentes à rede de supermercados “Dia a Dia”, acusada de ter estocado alimentos para atiçar a exasperação do povo com a escassez.

Líderes oposicionistas declararam que as medidas repressivas de alta visibilidade do governo contra as empresas irá desestimular ainda mais a iniciativa privada na Venezuela e aprofundar a carestia.

“A Farmatodo tem sido um modelo de empreendimento privado bem-sucedido, as consequências vão além dessa rede, eles estão aniquilando o pouco que sobra”, disse o governador oposicionista Henrique Capriles.

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