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Venezuelanos mantêm protestos durante o Carnaval

Venezuelanos costumam passar o Carnaval em balneários ou no litoral do país, mas muitos decidiram manter manifestações nas cidades

1 mar 2014 - 15h44
(atualizado às 15h49)
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Os fechamentos de rua, chamados de "guarimbas" na Venezuela, têm causado controvérsia mesmo entre adversários do governo
Os fechamentos de rua, chamados de "guarimbas" na Venezuela, têm causado controvérsia mesmo entre adversários do governo
Foto: Reuters

As imagens que estão sendo propagadas nas redes sociais parecem cartões postais de balneários ou clubes de praia: crianças brincando em piscinas infláveis, adultos em trajes de banho sentados embaixo de guarda-sol. Poderiam ser turistas ou viajantes, mas a realidade é que são manifestantes venezuelanos que participam de bloqueios nas ruas – principalmente de bairros de classes média e alta do país.

Os protestos são contra o governo de Nicolás Maduro e contra o agravamento da situação econômica da Venezuela que se mantêm desde 12 de fevereiro. Muitos cidadãos decidiram não parar os protestos nos dias do carnaval, embora outras milhares de pessoas usem estes dias para descansar com suas famílias viajando para praias venezuelanas.

O carnaval se converteu em um teatro de operações do conflito venezuelano
O carnaval se converteu em um teatro de operações do conflito venezuelano
Foto: Reprodução

Há vários avisos pela cidade que retratam as zonas residenciais como balneários. “Praia Cumbres” – diz um cartaz nas redondezas de Cumbres. María Buroz, uma moradora local, considera este tipo de manifestação não-violenta como irrelevante diante à negativa do governo em escutar os pedidos que a oposição tem levantado. “É bizarro, piscinas de plástico e guarda-sóis, lado a lado às barricadas, é algo tão cínico quanto convocarmos o Carnaval quando passamos por três semanas de protestos em todo o país, com um saldo de gente morta, ferida, detida e torturada”, diz.  

Manifestação praieira em Cumbres de Curumu
Manifestação praieira em Cumbres de Curumu
Foto: David González / Terra

Os fechamentos de rua, chamados de "guarimbas" na Venezuela, têm causado controvérsia mesmo entre adversários do governo que discutem se essa é a melhor maneira de ser ouvido pelo governo. Os bloqueios, em muitos casos, têm sido fortemente reprimidos pela Guarda Nacional, corpo militar responsável em manter a paz no país. O formato do "protesto praieiro" também tem dividido opiniões entre os que apoiam e os que consideram que representa uma banalização da luta política.

O carnaval se converteu em um teatro de operações do conflito venezuelano. O governo decretou como feriado a quinta e a sexta-feira, quando se comemoram 25 anos dos protestos populares conhecidos como o “Caracazo”. Analistas interpretam a medida como uma ação para antecipar o feriado, prolongá-lo e uma forma de desmobilizar as agitações nas ruas do país.

O lema dos adversários de Maduro tem sido “o que se cansa, perde”. Dirigentes da oposição e do movimento estudantil fizeram uma agenda de atividades para manter seus seguidores nas ruas. Hoje, por exemplo, haverá uma caravana em Caracas em apoio a Leopoldo López, líder do Partido da Vontade Popular, que está preso após de entregar às autoridades que o culpou por instigar a violência, associada à delinquência, incêndios e danos ao país. Maduro acusou López de ser líder de um possível golpe de Estado.

O opositor defende sua inocência e diz que exerceu um direito constitucional ao chamar protestos nas ruas pacificamente, apesar de alguns manifestantes não tenham realizado atos desta maneira.

Dezoito pessoas morreram nos protestos do país desde o dia 12 de fevereiro. Na sexta-feira, um militar da Guarda Nacional foi assassinado com um tiro no rosto em confronto na cidade de El Trigal, no estado de Carabobo. A morte do militar foi centro de discussões e controvérsias com denuncias de manifestantes que acusaram os membros do corpo militar por abusos de força, torturas e homicídios durante as repressões. Maduro tem pedido pela instalação de uma conferencia nacional de paz.

Luisa Ortega Díaz, da Procuradoria Geral da República, disse nesta sexta-feira que seu escritório iniciou 27 investigações contra funcionários por supostas violações de direitos humanos. Díaz aponta que a maior parte dos mais de mil manifestantes que foram presos já recuperou a liberdade, acusados de desestabilizar o país. Os manifestantes detidos negam a culpa, alegando ter o direito de protestar em busca de proteção.

Fonte: Especial para Terra
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