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Venezuelanos se voltam ao contrabando de peixe para sobreviver à crise econômica

7 jan 2015 - 10h38
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Os moradores das áreas centrais da região de savana da Venezuela que lutam para sobreviver à crise econômica do país têm encontrado uma nova forma de enfrentar as despesas: contrabando de peixe para a Colômbia.

Pescadores lançam rede no rio Arauca, em El Yagual, no Estado de Apure. 04/11/2014
Pescadores lançam rede no rio Arauca, em El Yagual, no Estado de Apure. 04/11/2014
Foto: Carlos Garcia Rawlins / Reuters

Enquanto contrabando de gasolina e medicamentos já se arrasta há anos, pouco se sabe sobre o comércio de toneladas de peixe de água doce por venezuelanos que os empilham em canoas compridas, motorizadas, e atravessam perigosos rios durante dias até a Colômbia.

Pescadores e comerciantes no Estado fronteiriço de Apure, nos "llanos" da Venezuela –as planícies agrícolas–, falam abertamente de negócios com as guerrilhas colombianas e suborno de autoridades venezuelanas, em um comércio que garante o sustento de aldeias inteiras.

"Não há nenhum outro trabalho. Os ganhos com o peixe suprem a nossa comida, nossas roupas, os estudos de nossos filhos, tudo", disse Jesús Rodríguez, de 53 anos, que abastece clientes com peixe.

Trabalhando com barcos e redes no rio Arauca, no sudoeste da Venezuela, os pescadores da aldeia El Yagual vendem a sua pesca para comerciantes que carregam até 3,5 toneladas por canoa na viagem para a Colômbia.

Os peixes são cuidadosamente cobertos com gelo e, em seguida, cobertos com um pano. As crianças podem ser vistas trabalhando na beira do rio, enquanto grandes maços de dinheiro mudam de mãos em cada etapa.

Ao longo do trajeto de 24 horas, passam por postos militares no rio e no território controlado pelos guerrilheiros colombianos que há décadas estão isolados ao longo da fronteira.

"Há muitos perigos", disse Luis Machado, 28, um barqueiro colombiano. "Redemoinhos que podem afundar o barco, galhos na água. E então você topa com soldados, o governo, as guerrilhas, quase todos no caminho!"

Em El Yagual, os peixes coporo são vendidos por 70 bolívares venezuelanos por quilo, mas os intermediários ganham quatro vezes isso depois de vender na Colômbia por pesos e, em seguida, trocar o dinheiro no mercado negro florescente na fronteira.

Os rigorosos controles cambiais da Venezuela são o principal fator na condução de um comércio de contrabando que irrita o governo socialista do presidente Nicolás Maduro e provocou uma grande operação de repressão que apanhou centenas de supostos contrabandistas.

Membro da Opep, a Venezuela está sofrendo a maior recessão e inflação das Américas. A escassez de produtos é generalizada. Os críticos culpam 15 anos de políticas socialistas, enquanto Maduro diz que os líderes da oposição e uma elite opulenta são os culpados por uma "guerra" econômica, incluindo desvio de produtos e manipulação de preços.

(Reportagem de Andrew Cawthorne)

((Tradução Redação Rio de Janeiro; 55 21 2223-7128))

REUTERS PF

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