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Vice-presidente da Argentina depõe em caso de corrupção

É a primeira vez que um vice-presidente é interrogado em caso de corrupção no país

9 jun 2014 - 11h53
(atualizado às 15h58)
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<p>Vice-presidente da Argentina, Amado Boudou, participa de uma cerimônia de apresentação de novos carros de polícia em Buenos, nesta foto de arquivo de 7 de outubro de 2013</p>
Vice-presidente da Argentina, Amado Boudou, participa de uma cerimônia de apresentação de novos carros de polícia em Buenos, nesta foto de arquivo de 7 de outubro de 2013
Foto: AP

O vice-presidente da Argentina, Amado Boudou, se apresentou nesta segunda-feira para depor como acusado a um tribunal federal que investiga a compra da empresa Ciccone Calcográfica, a única emissora de cédulas e documentos oficiais, na época em que ele era ministro da Economia, em 2010.

Pela primeira vez na história argentina, um vice-presidente em exercício será interrogado em um caso de corrupção.

Cercado por dezenas de fotógrafos, Boudou chegou ao tribunal de Buenos Aires aparentando tranquilidade.

"Vou dizer a verdade. Não tenho uma estratégia de defesa", declarou Boudou ao deixar sua casa em Puerto Madero, no centro de Buenos Aires, a cerca de dez minutos dos tribunais.

"Eu poderia não ter ido, não me apresentar, mas irei, direi a verdade", reiterou o vice-presidente, que nos últimos dias recebeu o apoio de representantes da presidente Cristina Kirchner.

Boudou fez um pedido de última hora ao juiz responsável pelo caso, Ariel Lijo, para que permitisse que sua declaração fosse gravada para ser posteriormente divulgada. Mas a solicitação foi negada no início da audiência, informou uma fonte judicial.

Na semana passada, o magistrado havia negado outro pedido de Boudou para que a audiência fosse transmitida ao vivo.

"Seria ótimo ter transparência e visibilidade para a causa, sobre a qual muito tem se falado. Seria uma grande oportunidade para que a população tomasse conhecimento de todas as razões", declarou o chefe de gabinete, Jorge Capitanich.

A audiência começou às 11h00 e deve durar várias horas.

O interrogatório busca esclarecer se Boudou "se beneficiou de sua condição de funcionário público" para favorecer a empresa impressora de papel moeda quando ocupava o cargo de ministro da Economia em 2010.

Nos próximos dias, outros seis indiciados serão interrogados até 13 de junho. Após esta primeira fase, o juiz terá dez dias úteis para decidir se dará prosseguimento ao processo dos indiciados, segundo o centro de informação judicial (CIJ) que depende da Suprema Corte Argentina.

"Força Amado, acreditamos em você", estava escrito em cartazes de simpatizantes do vice-presidente reunidos em frente ao tribunal.

Boudou toca guitarra elétrica e é fã de motocicletas. Ele é um ex-militante da direita liberal que se converteu ao peronismo.

Algumas horas antes da chegada de Boudou, um grande esquema de segurança foi montado nos arredores do tribunal, que foi fechado ao público.

A intimação judicial indica que o vice-presidente, junto "com José María Núñez Carmona, teria adquirido a empresa falida e monopólica Ciccone Calcográfica quando era ministro da Economia (durante o primeiro mandato de Cristina Kirchner), por meio da sociedade The Old Fund e de Alejandro Vandenbroele, com o objetivo final de obter um contrato do Governo Federal para a impressão de documentos oficiais".

O ex-ministro da Economia, que se tornou vice-presidente em 2011, havia sido intimado a depor em 15 de julho. Mas ele pediu para que a data fosse adiantada, alegando querer esclarecer o seu papel no caso o mais rápido possível. Ele diz ser vítima de uma campanha da mídia e de setores econômicos.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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