Vice-presidente dos EUA não entende a Venezuela, diz Maduro
O presidente venezuelano, Nicolás Maduro, disse nesta terça-feira que o vice-presidente dos Estados Unidos, Joseph Biden, "não entende" a Venezuela, nem a América Latina, e chamou de "abuso" o pedido de mais democracia para o seu país feito pelo americano, que veio ao Brasil acompanhar a Copa do Mundo.
"Joe Biden vem à região e comete o abuso de fazer declarações contra a Venezuela no Brasil, é um abuso, porque ele não deve vir a um país vizinho, um país irmão, para desacreditar a democracia venezuelana e dizer que na Venezuela é preciso democracia, é um abuso. Verdadeiramente, Joe Biden não entende a região, não entende a Venezuela", disse.
O presidente, que fez essa declaração durante o seu programa de rádio "Em contato com Maduro", afirmou que na Venezuela existe "a democracia mais plena que jamais existiu na história" do país, "a democracia direta, a democracia comunal, a democracia econômica".
"O que aconteceria, senhor Biden, se o povo dos Estados Unidos começasse a exigir a verdadeira democracia econômica?", se perguntou para em seguida assegurar que existe uma campanha mundial para desacreditar seu governo, o que "teve efeito contrário", pois só recebe mensagens de solidariedade.
Biden disse hoje que, durante seu encontro com a presidente Dilma Rousseff, transmitiu para a chefe de Estado brasileira o desejo da Casa Branca de que haja "maior democracia" na Venezuela.
"Temos interesse que sejam garantidos os direitos humanos" e que haja "uma maior democracia" na Venezuela, declarou Biden aos jornalistas após uma reunião em particular com Dilma.
Segundo Biden, os EUA desejam que o processo de diálogo iniciado na Venezuela "supere a fase das conferências" entre líderes de governo e oposição e comece a dar "exemplos de progresso".
O processo de diálogo entre o Executivo de Nicolás Maduro e a aliança de oposição Mesa de Unidade Democrática (MUD) começou no dia 10 de abril, mas está suspenso desde 13 de maio.
A MUD declarou que o processo estava "congelado" e que para retomá-lo esperava alguns "gestos" do governo, como a libertação daqueles que são considerados presos políticos e dos detidos pelos protestos que começaram em fevereiro, se estenderam por quase quatro meses e resultaram em alguns incidentes de violência com 42 mortos até o momento.
O processo de diálogo foi acompanhado pela União das Nações Sul-americanas (Unasul), que atua como mediadora junto com o Vaticano. Maduro disse na semana passada que continua à espera que a MUD retorne ao diálogo.