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Ao lado de Putin, Bolsonaro ignora Ucrânia e cita paz

Presidente brasileiro ressaltou o interesse do Brasil no comércio com a Rússia, especialmente na área de fertilizantes

16 fev 2022 - 11h35
(atualizado às 12h20)
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Bolsonaro e Putin durante encontro em Moscou
Bolsonaro e Putin durante encontro em Moscou
Foto: Sputnik/Vyacheslav Prokofyev

Depois de quase duas horas de reunião com o presidente da Rússia, Vladimir Putin, o presidente brasileiro Jair Bolsonaro (PL) afirmou, em sua declaração conjunta à imprensa ao lado do líder russo, que o Brasil é solidário a "todos os países que se empenham pela paz".

Bolsonaro não citou as tensões da Rússia com o Ocidente por causa do acúmulo de tropas russas na fronteira com a Ucrânia e da discordância de Moscou com uma possível adesão de Kiev à aliança militar ocidental Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), mas disse que a paz no mundo é de interesse de todos.

"Pregamos a paz e respeitamos quem age dessa maneira", disse Bolsonaro.

Em sua declaração, o presidente brasileiro ressaltou o interesse do Brasil no comércio com a Rússia, especialmente na área de fertilizantes - os russos são responsáveis por mais de 60% das importações brasileiras nesta área - e também citou um possível ação conjunta na defesa do meio ambiente.

Putin citou ainda a tragédia em Petrópolis, no Rio de Janeiro, que sofre com consequências das fortes chuvas que atingiram a região. O presidente russo lamentou o ocorrido e se solidarizou com as vítimas.

Ao lado de Putin, Bolsonaro fala sobre encontro com presidente russo
Ao lado de Putin, Bolsonaro fala sobre encontro com presidente russo
Foto: Sputnik/Mikhail Klimentyev/Kremlin

Durante sua fala, o presidente russo ainda ressaltou a reativação da comissão empresarial Rússia-Brasil, e ressaltou os investimentos atuais e futuros das empresas russas no país em diversas áreas, como em tecnologia, energia nuclear e aeroespacial. "Defendemos o multilateralismo e a mediação política dos conflitos. Também buscamos mais cooperação com o Brasil no âmbito do Brics, que desempenha um papel importante na economia", acrescentou.

Também lendo seu discurso, Bolsonaro agradeceu Putin pelo convite e lamentou novamente as mortes de Petrópolis. "Conversamos por quase duas horas, uma agenda bastante profícua e de amplo interesse para os nossos países. Compartilhamos valores comuns, como a crença em Deus e a defesa da família tradicional. Também somos solidários com quem quer se empenha pela paz", disse Bolsonaro.

Assim como Putin, o brasileiro ressaltou a "colaboração intensa nos principais foros internacionais", locais "onde defendemos a soberania dos Estados, o respeito ao direito internacional e a carta da ONU".

Em uma alfinetada contra os Estados Unidos e os países da União Europeia, Bolsonaro agradeceu o apoio de Putin "à soberania nacional do Brasil" quando "alguns países quiseram transformar a Amazônia em patrimônio mundial da humanidade". No quesito ambiente, Bolsonaro ressaltou que por conta da grande área verde que existe nos dois países, "abrimos diálogo sobre sustentabilidade".

Em nenhum momento os líderes falaram algo sobre a questão ucraniana, que vê o risco de conflito bélico aumentar dia após dia. Desde o anúncio da manutenção da viagem para a Rússia, o Itamaraty vinha ressaltando que a ida a Moscou tinha apenas interesses econômicos e que não seria abordada a possível guerra na região. Ainda nesta quarta-feira, Bolsonaro se reunirá com empresários russos e brasileiros em um jantar formal em Moscou.

* Com informações da Ansa

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