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Ao sancionar Colômbia, Trump sinaliza 'consequências severas' para quem não cooperar com EUA, diz correspondente da BBC

O presidente dos EUA anunciou que a Colômbia seria sancionada por questionar a nova política de imigração do governo americano.

26 jan 2025 - 17h57
(atualizado em 27/1/2025 às 07h18)
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Donald Trump na Casa Branca
Donald Trump na Casa Branca
Foto: Getty Images / BBC News Brasil

Estados Unidos e Colômbia superaram o impasse causado pelo envio de imigrantes deportados em aviões militares para o país. No domingo (26/1), o presidente dos EUA, Donald Trump, havia anunciado que a Colômbia seria sancionada por questionar a nova política de imigração do governo americano.

O presidente americano disse que iria impor imediatamente uma tarifa de 25% sobre todas as importações colombianas e aumentaria a tarifa para 50% em uma semana.

O governo Trump também iria "impor totalmente" sanções bancárias e financeiras contra a Colômbia, aplicará uma proibição de viagens e revogará vistos de funcionários do governo colombiano, segundo o presidente americano.

A medida ocorreu em retaliação à decisão do presidente colombiano, Gustavo Petro, de não autorizar o pouso de dois aviões militares americanos transportando cidadãos colombianos deportados pelos EUA.

Horas depois do impasse, Colômbia e EUA anunciaram que a Colômbia aceitaria todos os voos com imigrantes deportados — e que os EUA não adotariam sanções.

Para Anthony Zurcher, correspondente da BBC na América do Norte, Donald Trump pareceu priorizar a política de imigração em detrimento das medidas comerciais em sua primeira semana no cargo — mesmo que esta última tenha sido uma promessa fundamental de campanha.

"Agora, como se quisesse reforçar esse ponto, as primeiras grandes tarifas do presidente estão sendo promulgadas para punir uma nação que ele considera não apoiar suficientemente as novas políticas de imigração linha dura dos Estados Unidos", diz Zurcher.

O presidente colombiano justificou a recusa em receber os voos militares argumentando que "os Estados Unidos não podem tratá-los [migrantes] como criminosos", conforme escreveu em sua conta no X.

"Não posso obrigar os migrantes a permanecerem em um país que não os quer; mas se esse país os enviar de volta, deve fazê-lo com dignidade e respeito por eles e pelo nosso país", acrescentou o colombiano em outra mensagem.

Petro exigiu que as deportações fossem feitas em "aeronaves civis", com um protocolo para os voos.

No entanto, "isso parece ter sido o suficiente para Trump atacar um dos aliados mais próximos dos EUA na América do Sul", diz Zurcher.

"Em um dia em que Trump não faz aparições públicas — ele está em seu resort em Miami, supostamente jogando uma partida de golfe — o presidente escolheu fazer do país latino-americano um exemplo. E serve como um aviso severo aos aliados e adversários dos EUA: se vocês não cooperarem com os EUA, as consequências serão severas", prossegue.

Zurcher afirma que as sanções serviram como um teste para o novo governo Trump.

"Se as sanções do presidente levarem a preços mais altos para os consumidores americanos, em importações colombianas como café e produtos agrícolas, o público americano se oporá? Estarão eles dispostos a tolerar alguma dor financeira incorrida pelo avanço da agenda de política externa de Trump?", questionou o correspondente, antes do anúncio de que EUA e Colômbia haviam chegado a um acordo.

Os EUA importam cerca de 27% de seu café da Colômbia, segundo o Departamento de Agricultura dos EUA.

As vendas colombianas para os EUA incluem ainda itens como petróleo bruto, abacate e flores.

"As tarifas tornarão a importação mais cara, o que - se repassado ao consumidor - pode significar que os preços do café nos EUA aumentarão", diz Ione Wells, correspondente da BBC na América do Sul.

O embate entre Trump e o governo da Colômbia ocorreu no mesmo fim de semana em que o Brasil também se queixa pelo tratamento a brasileiros deportados dos EUA.

O Ministério das Relações Exteriores do Brasil condenou no sábado (25/01) o "tratamento degradante" dispensado a cidadãos brasileiros que foram deportados e algemados em um voo comercial.

Em nota, o governo brasileiro disse que "considera inaceitável que as condições acordadas com o governo norte-americano não sejam respeitadas".

Ao chegar ao Brasil, alguns passageiros também relataram maus-tratos durante o voo.

O avião, que transportava 88 passageiros brasileiros e pousou em Manaus, também incluía 16 agentes de segurança dos EUA e oito tripulantes.

O Judiciário brasileiro ordenou que as algemas dos deportados fossem removidas, e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva enviou um avião da Força Aérea Brasileira para completar a viagem até Belo Horizonte.

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