Após Bucha, olhares na Ucrânia se voltam a Borodyanka
Cidade perto de Kiev foi liberada recentemente das forças russas
Após a denúncia de supostos crimes de guerra cometidos pela Rússia em Bucha, as atenções se voltam agora para outra localidade dos arredores de Kiev recém-libertada pela Ucrânia: Borodyanka.
Essa cidade de pouco mais de 10 mil habitantes estava sob domínio russo até a semana passada, mas voltou para o controle ucraniano depois da mudança de estratégia de Moscou, que decidiu reduzir as ações perto de Kiev para se concentrar nos frontes oriental e meridional.
"Já há informações de que o número de vítimas pode ser ainda maior em Borodyanka e em outras cidades do que em Bucha", disse nesta terça-feira (5) o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, em vídeo divulgado nas redes sociais.
"Em muitos vilarejos dos distritos libertados em Kiev, Chernihiv e Sumy, os ocupantes fizeram coisas que as pessoas desses lugares não haviam visto nem mesmo durante a ocupação nazista de 80 anos atrás", acrescentou.
Grande parte de Borodyanka foi destruída pelos bombardeios russos no primeiro mês de guerra, e as autoridades ucranianas ainda trabalham para remover corpos dos escombros de edifícios desabados.
De acordo com o prefeito Georgiy Erko, há pelos menos 200 cadáveres de civis sob os destroços. "Em 24 de fevereiro, fomos a primeira cidade bombardeada. Estamos começando só agora a retirar os corpos porque os russos não permitiram enquanto durou a ocupação", declarou.
Segundo Erko, os invasores diziam que os civis poderiam ser evacuados, mas "disparavam em qualquer um que saísse na rua". Além disso, uma testemunha contou à ANSA ter encontrado o corpo de um homem com as mãos amarradas nas costas e um saco na cabeça, indicando que ele teria sido torturado antes de morrer.
O governo da Ucrânia também aponta indícios de crimes de guerra por parte da Rússia em cidades como Irpin e Bucha, ambas nos arredores de Kiev. "Crianças com menos de 10 anos e com sinais de estupro e tortura foram achadas na cidade de Irpin", contou a comissária de direitos humanos do Parlamento ucraniano, Lyudmyla Denisova.
A Rússia nega todas as acusações e diz que os relatos de ataques contra civis nas áreas recém-libertadas foram forjados pelo governo da Ucrânia para prejudicar as negociações para um cessar-fogo.