Após Embraer, relembre casos de aviões civis abatidos por engano
Episódios envolvem desde a União Soviética até os Estados Unidos
A hipótese mais provável para a queda de um avião da Embraer operado pela Azerbaijan Airlines no Cazaquistão, em 25 de dezembro, é de que a aeronave foi atingida pela defesa antiaérea da Rússia enquanto se aproximava de Grozny, na Chechênia, em meio a ataques de drones da Ucrânia na região.
Abatimentos de aviões civis por engano são raros, mas não inéditos no mundo. Relembre casos similares ocorridos nos últimos 50 anos.
Desastre de Ustica: Desde 27 de junho de 1980, um mistério permanece sem solução na Itália. Naquele dia um avião DC9 da companhia aérea Itavia caiu no Mar Tirreno, perto da cidade siciliana de Ustica, deixando 81 vítimas. Até hoje as circunstâncias da tragédia não foram totalmente esclarecidas, mas a Corte de Cassação considera "consagrada" a tese de que a aeronave foi atingida por um míssil, possivelmente no âmbito de um embate entre caças da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) e da Líbia - os destroços de um avião líbio seriam encontrados um mês depois nas montanhas da Calábria, sul da Itália.
O caso voltou a ganhar destaque no ano passado, quando o ex-premiê italiano Giuliano Amato disse acreditar que o DC9 tenha sido derrubado por um míssil lançado pela França, em uma tentativa de assassinar o então ditador da Líbia, Muammar Kadafi.
URSS: Em 31 de agosto de 1983, um Boeing 747 da Korean Air decolou do aeroporto John F. Kennedy, em Nova York, rumo a Seul. No entanto, quando sobrevoava a ilha de Sachalin, no Oceano Índico, foi atingido por dois mísseis lançados por um caça da União Soviética. No momento do ataque, a aeronave estava 312 milhas náuticas a noroeste da rota prevista, dentro do espaço aéreo da URSS. Todas as 269 pessoas a bordo morreram. O governo soviético alegou desconhecer que o alvo fosse um avião civil, afirmando que pensava tratar-se de uma provocação dos Estados Unidos.
EUA: Cinco anos depois do desastre com o Boeing da Korean Air, foi a vez de os EUA derrubarem uma aeronave por engano. No dia 3 de julho de 1988, um míssil disparado pela Marinha americana abateu um voo da Iran Air com 290 passageiros. Todos morreram. O Airbus A300B2-203 fazia o trajeto entre Bandar Abbas, no sul do Irã, e Dubai, nos Emirados Árabes Unidos. O ataque aconteceu sobre o Golfo Pérsico, e o governo dos EUA disse que o avião havia sido confundido com um caça inimigo.
Ucrânia: Outro caso ocorreu em Sochi, cidade russa localizada às margens do Mar Negro, em 4 de outubro de 2001. Na ocasião, um avião da Siberia Airlines que levava 88 pessoas de Tel Aviv para Novosibirsk foi derrubado por engano por um míssil ucraniano antiaéreo disparado durante exercícios militares.
Rússia: Já em 17 de julho de 2014, um avião da Malaysia Airlines que voava entre Amsterdã, na Holanda, e Kuala Lumpur, na Malásia, com 298 pessoas a bordo foi abatido no leste da Ucrânia, palco de conflitos com separatistas pró-Rússia. O inquérito conduzido por investigadores holandeses constatou que a aeronave foi atingida por um míssil terra-ar fabricado pela Rússia e disparado pelos rebeldes. Moscou nunca admitiu a culpa e afirmou que o projétil usado no abatimento pertencia à Ucrânia desde o período soviético.
Irã: Outro caso ocorreu na madrugada de 8 de janeiro de 2020, quando o sistema de defesa antiaérea iraniano derrubou um avião da Ukraine International Airlines com 176 pessoas a bordo.
O episódio aconteceu em meio aos ataques aéreos do país persa contra duas bases militares americanas no Iraque, em retaliação pelo assassinato do general Qassem Soleimani pelos EUA. O Irã só admitiu sua responsabilidade três dias depois da tragédia. .