Após garantia com UE, May faz apelo para aprovar acordo do Brexit
Premier e Juncker mudaram pontos sobre a fronteira das Irlandas
A primeira-ministra do Reino Unido, Theresa May, disse nesta terça-feira (12), durante debate na Câmara dos Comuns, que o acordo do Brexit "foi melhorado" e oferece garantias "juridicamente vinculativas" em um apelo para os parlamentares aprovarem o texto sobre o divórcio com a União Europeia (UE).
No entanto, a britânica voltou a insistir que existe o risco de não acontecer o acordo, caso sua proposta não seja aprovada. "Se o acordo for negado, a incerteza continua", declarou.
"Hoje é a hora de implementar o que o povo, que não está na Câmara, estabeleceu votando a favor do referendo sobre o Brexit e pedindo uma mudança", enfatizou May.
Em seu último apelo antes da votação sobre o acordo, a premier ressaltou que o documento representa o compromisso da melhor forma possível.
Na tarde desta terça-feira (12), May coloca seu projeto em votação no Parlamento, um dia depois dela se reunir em Estrasburgo com o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, com quem decidiu novas diretrizes a respeito do entrave que tem barrado a aprovação do acordo: o chamado "backstop".
O mecanismo prevê a manutenção de fronteiras abertas entre a Irlanda do Norte e a República da Irlanda, conforme um acordo de Paz assinado em 1998. Durante o encontro, os dois líderes concordaram que, se os europeus não conseguirem encontrar uma solução definitiva para a fronteira, os britânicos poderiam abrir uma "disputa formal" contra a UE. Além disso, o bloco se comprometeu em achar novas alternativas para o backstop até 2020.
Juncker ainda esclareceu que esta será a última negociação do acordo. "É este acordo ou o Brexit poderia não acontecer", disse à imprensa. Votação - O Partido Trabalhista votará novamente contra o acordo de Theresa May porque a proposta definida em Estrasburgo não garante "mudança" substancial, afirmou o líder da oposição britânica, Jeremy Corbyn.
Segundo o político, o governo "fracassou" em trazer para casa "os objetivos" esperados sobre o backstop irlandês. "Este acordo não dá um nível suficiente de certeza para o país e é o filho do caos interno da maioria".
Para o vice-presidente da Comissão Europeia, Jyrki Katainen, depois do acordo entre May e Juncker "tudo agora depende do voto na Câmara dos Comuns, mas no caso de um resultado negativo um Brexit difícil será mais provável do que nunca".
Hoje, o Grupo de Pesquisa Europeu, que tem cerca de 70 parlamentares do Partido Conservador favoráveis ao Brexit, orientou todos a votar contra o texto de May. A medida foi revelada após análise legal feita pelo procurador-geral, Geoffrey Cox.
Já o Partido Unionista Democrático (DUP), legenda de direita da Irlanda do Norte, por sua vez, se uniu a pelo menos oitos deputados opositores contra o acordo. Segundo eles, "as mudanças obtidas entre May e Juncker não cumprem o compromisso do governo com a Câmara dos Comuns".