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Após indulto, separatistas catalães são libertados

Decisão de perdoar independentistas provoca polêmica na Espanha

23 jun 2021 - 07h53
(atualizado às 08h29)
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Os separatistas da Catalunha perdoados pelo governo da Espanha deixaram a cadeia nesta quarta-feira (23), após mais de três anos na prisão em função de uma tentativa frustrada de declaração de independência.

Jordi Cuixart, representante da sociedade civil beneficiado pelo indulto
Jordi Cuixart, representante da sociedade civil beneficiado pelo indulto
Foto: EPA / Ansa - Brasil

A libertação acontece um dia depois de o primeiro-ministro Pedro Sánchez ter confirmado um indulto parcial a nove separatistas presos, decisão que está longe de ser unanimidade no país.

Sete deles, incluindo o ex-vice-presidente catalão Oriol Junqueras, deixaram a penitenciária de Lledoners, a cerca de 70 quilômetros de Barcelona, e foram recebidos por dezenas de apoiadores aos gritos de "independência!". Outras duas pessoas também foram libertadas de cadeias distintas nesta quarta.

A clemência prevê o perdão dos crimes de sedição e apropriação indébita pelos quais os catalães foram condenados, porém o indulto é "reversível", ou seja, poderá ser revogado em caso de reincidência.

Além disso, os nove independentistas continuarão impedidos de ocupar cargos públicos. Em pronunciamento na terça-feira (22), Sánchez disse que o indulto foi aprovado devido à "necessidade de restabelecer a convivência e a concórdia".

"O governo da Espanha trabalha e vai seguir trabalhando pelo entendimento, e nunca pelo enfrentamento. Pretendemos abrir um novo tempo de diálogo, ter pontes de concórdia e de convivência entre pessoas que estão muito distantes na política", afirmou.

Os nove indultados haviam sido condenados pelo Tribunal Supremo da Espanha a sentenças de nove a 13 anos de prisão pela organização de um plebiscito separatista considerado ilegítimo pelo governo e pela subsequente declaração unilateral de independência da Catalunha.

A pena mais alta foi imposta ao ex-vice-presidente Oriol Junqueras, líder do partido Esquerda Republicana da Catalunha (ERC), que hoje governa a região em uma coalizão de legendas separatistas.

Entre os outros condenados também estão a ex-presidente do Parlamento catalão Carme Forcadell, sentenciada a 11 anos e seis meses de cadeia, além de ex-secretários regionais e representantes da sociedade civil. Três ex-dirigentes ainda foram condenados ao pagamento de multas, mas não a penas de prisão.

A decisão de perdoar os separatistas enfrenta resistência no restante do país e nos partidos de oposição ao governo Sánchez. A capital Madri já foi palco de um protesto contra o indulto em 13 de junho, e uma pesquisa recente do instituto Ipsos aponta que 53% dos espanhóis são contrários à clemência.

O líder do conservador Partido Popular (PP), Pablo Casado, discursou no Parlamento nesta quarta e pediu a renúncia do premiê socialista. "Você se colocou do lado errado da história, que não o absolverá. Se lhe resta um mínimo de dignidade, você deveria renunciar hoje mesmo e submeter essa decisão ao julgamento dos espanhóis", afirmou o opositor.

Conservadores afirmam que o premiê socialista decidiu perdoar os independentistas para garantir a sobrevivência do governo, que depende dos votos de partidos catalães para aprovar seus projetos no Parlamento.

Mas o indulto parcial também é criticado pelos separatistas da Catalunha, que exigem uma anistia total para os condenados. "É hora de acabar com a repressão. É hora de um plebiscito acordado com aval internacional, como deseja a maioria da população da Catalunha. Anistia e autodeterminação. Liberdade e democracia", escreveu no Twitter o atual presidente catalão, Pere Aragonès. 

Ansa - Brasil
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