Após invasão, Congresso certifica vitória de Biden; Trump promete 'transição ordeira' mas repete acusações
A sessão da quarta-feira havia sido interrompida pela violência, que deixou quatro mortos, e foi retomada na madrugada seguinte.
Os parlamentares dos Estados Unidos certificaram na madrugada desta quinta-feira (7/1) a vitória eleitoral de Joe Biden, horas depois que apoiadores de Donald Trump invadiram o Capitólio em um ataque que deixou quatro mortos.
Uma mulher foi baleada pela polícia, enquanto outras três morreram em "emergências médicas", segundo as autoridades.
A sessão da quarta-feira havia sido interrompida pela violência, e foi retomada na noite e madrugada seguintes.
Enquanto Biden era confirmado, o presidente Trump divulgava um comunicado se comprometendo com "uma transição ordeira em 20 de janeiro", mas repetindo suas alegações infundadas de fraude eleitoral.
"Embora eu discorde totalmente do resultado da eleição e os fatos me confirmam, no entanto, haverá uma transição ordenada em 20 de janeiro", disse Trump, em um comentário publicado no Twitter de seu porta-voz. O Twitter bloqueou temporariamente o presidente de usar sua própria conta para mensagens consideradas com potencial de provocar "risco de violência" após os protestos.
"Eu sempre disse que continuaríamos nossa luta para garantir que apenas os votos legais fossem contados. Embora isso represente o fim do maior primeiro mandato da história presidencial, é apenas o começo de nossa luta para Tornar a América Grande Novamente", ele acrescentou, usando seu slogan "Make America Great Again".
Statement by President Donald J. Trump on the Electoral Certification:
"Even though I totally disagree with the outcome of the election, and the facts bear me out, nevertheless there will be an orderly transition on January 20th. I have always said we would continue our...
— Dan Scavino🇺🇸🦅 (@DanScavino) January 7, 2021
Mais de 60 processos judiciais foram impetrados pela equipe de campanha de Trump questionando o resultado de novembro. Todos fracassaram.
O vice-presidente dos EUA, Mike Pence, iniciou a sessão retomada na noite de quarta-feira, na qual os legisladores contaram e confirmaram os votos eleitorais, dizendo que foi um "dia negro na história do Capitólio dos Estados Unidos".
As objeções de alguns legisladores republicanos de reverter o resultado no Arizona e na Pensilvânia foram rejeitadas. A sessão certificou 306 votos de Biden contra 232 de Trump.
Também na quarta-feira foi confirmado que Biden terá maioria no Senado e na Câmara dos Representantes — depois que senadores democratas venceram o segundo turno de uma eleição legislativa no Estado da Geórgia.
A sessão no Congresso também mostrou uma ruptura de alguns republicanos com Trump.
Durante dias, Trump pressionou seu vice-presidente, que presidia a sessão, para bloquear a certificação do resultado. Mas em uma carta ao Congresso na quarta-feira, Pence disse que não tinha "autoridade unilateral para decidir quais votos eleitorais deveriam ser contados".
O líder republicano do Senado, Mitch McConnell, também rompeu definitivamente com Trump em um discurso emocionado no plenário da Câmara, dizendo: "Se esta eleição fosse derrubada por meras alegações do lado perdedor, nossa democracia entraria em uma espiral mortal."
Depois que a sessão foi retomada, o líder democrata do Senado, Chuck Schumer, criticou a multidão no Capitólio como "desordeiros e insurgentes, capangas e bandidos, terroristas domésticos", dizendo que o presidente "tem grande parte da culpa".
A senadora Kelly Loeffler, que perdeu sua candidatura à eleição na votação da Geórgia na terça-feira, disse que não podia mais em sã consciência votar contra a certificação como havia planejado originalmente, citando a invasão "abominável" do Capitólio.