Após recorde de mortes, premiê da Itália fecha indústrias
O primeiro-ministro da Itália, Giuseppe Conte, anunciou neste sábado (21) o fechamento de todas as atividades produtivas que não sejam estratégicas para o país até o dia 3 de abril.
A medida, confirmada em um pronunciamento por volta de 23h30 (horário local), chega após intensas pressões das regiões do norte italiano, epicentro da pandemia do novo coronavírus (Sars-CoV-2) e principal polo industrial do país, por ações mais drásticas para frear os contágios.
"Hoje decidimos dar um outro passo. A decisão tomada pelo governo é a de fechar, em todo o território nacional, todas as atividades produtivas que não sejam estritamente necessárias, cruciais e indispensáveis a garantir-nos bens e serviços essenciais", disse Conte, que passou o dia negociando com sindicatos e associações de classe para definir os setores que seguirão funcionando.
"Continuarão abertos todos os supermercados, todos os comércios de itens alimentares e de primeira necessidade. Convido todos a manter a calma, não há razão para uma corrida às compras. Também continuarão abertas farmácias, também serão garantidos serviços bancários, postais, securitários, financeiros; garantiremos todos os serviços públicos essenciais, como transportes", acrescentou o primeiro-ministro. Outras empresas só poderão funcionar em modo home office.
Segundo Conte, a pandemia é a "crise mais difícil vivida pelo país desde o fim da Segunda Guerra Mundial". "A morte de tantos compatriotas é uma dor renovada a cada dia", declarou.
As novas restrições chegam após a Itália bater mais um recorde no número diário de mortos com o novo coronavírus: 793, segundo balanço divulgado neste sábado pela Defesa Civil, elevando para 4.825 o total de vítimas no país.
O novo dado representa um aumento de 19,7% na quantidade de óbitos desde sexta-feira (20) e faz a Itália concentrar quase 40% de todas as mortes já registradas na pandemia.
Até o momento, o país contabiliza 53.578 casos, o que significa um crescimento absoluto de 6.557 contágios. Com as medidas de isolamento impostas pelo governo, a Itália conseguiu desacelerar o ritmo de avanço da pandemia, mas em velocidade insuficiente para frear a escalada de mortes.
Até 10 de março, quando entrou em vigor o decreto que colocou todo o país em quarentena, os contágios cresciam a uma taxa média de 25,10% ao dia; agora o índice é de 20,74%. Entre 20 e 21 de março, o número de casos subiu 13,94%, menor cifra dos últimos três dias.
"São medidas severas. Ficar em casa, renunciar a nossos hábitos, não é fácil, mas não temos alternativa. Nosso sacrifício de ficar em casa é mínimo se comparado ao que outros compatriotas estão fazendo. Nos hospitais, nos lugares cruciais para vida do país, tem quem arrisca muito mais, como médicos, enfermeiros, as forças de ordem, as forças armadas, homens e mulheres da Defesa Civil, atendentes de supermercados, farmacêuticos, trabalhadores dos serviços públicos", afirmou Conte.
O primeiro-ministro também reconheceu que as novas restrições "desacelerarão o motor produtivo do país", que deve voltar à recessão em 2020, mas disse que elas são "necessárias para conter a epidemia".