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Após saques a depósitos de comida da ONU, Biden defende acelerar ajuda humanitária a Gaza

ONU alerta para possível "colapso da ordem pública" em meio a falta de comida, medicamentos e água potável

29 out 2023 - 22h11
(atualizado às 22h58)
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O presidente dos EUA, Joe Biden, durante encontro com o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu em visita a Tel Aviv, Israel (18/10/2023)
O presidente dos EUA, Joe Biden, durante encontro com o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu em visita a Tel Aviv, Israel (18/10/2023)
Foto: Reuters

Os Estados Unidos pressionaram Israel para aumentar imediatamente a ajuda humanitária em Gaza, em meio a um clamor crescente sobre os custos humanos do bombardeio de três semanas de Israel contra a Faixa de Gaza.

Em conversas com governantes do Egito e de Israel, neste domingo, 29, presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, reiterou "a necessidade de aumentar imediata e significativamente o fluxo de assistência humanitária para atender às necessidades dos civis em Gaza", informou a Reuters. 

Biden, que há demonstra um apoio inabalável ao  direito de Israel de se defender após os ataques de 7 de outubro, agora parece ceder a pressão internacional frente ao aumento do número de palestinos mortos e colapso humanitário em Gaza.  

Saques a armazéns

O pedido ocorre após sequência de saques a armazéns e centros de distribuição de alimentos da Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados Palestinos (UNRWA, sigla em inglês) em Gaza, neste domingo, 29. O órgão passou alertar para o "colapso da ordem pública" na Faixa de Gaza em meio a falta de comida, medicamentos e água potável.

"Milhares de pessoas entraram em vários armazéns e centros de distribuição da UNRWA no centro e no sul da Faixa de Gaza. É um sinal preocupante que a ordem pública esteja começando a ruir depois de três semanas de guerra e de um cerco rigoroso a Gaza. Pessoas estão assustadas, frustradas e desesperadas", disse o chefe da UNRWA em Gaza, Thomas White 

Casa Branca

Mais cedo, o conselheiro de segurança nacional do presidente dos Estados Unidos Joe Biden, Jake Sullivan, disse que Israel tem a responsabilidade de proteger as vidas de pessoas inocentes em Gaza. 

"O que acreditamos é que a cada hora, a cada dia desta operação militar, as IDF (Forças de Defesa de Israel), o governo israelense deveriam usar todos os meios possíveis à sua disposição para distinguir entre terroristas do Hamas que são alvos militares legítimos e civis que não são", disse Sullivan à CNN.

Sullivan também disse que Netanyahu tem a responsabilidade de "controlar" os colonos judeus extremistas na Cisjordânia ocupada por Israel. "É totalmente inaceitável que haja violência extremista dos colonos contra pessoas inocentes na Cisjordânia", disse ele.

Brasileiros em Gaza

O governo brasileiro informou que a comunicação por internet em Gaza, que estava interrompida desde sexta-feira, 27 foi restabelecida neste domingo. A embaixada brasileira na Cisjordânia conseguiu conversar via WhatsApp com todos os integrantes do grupo de cerca de 30 brasileiros que aguarda a abertura de fronteira com o Egito para voltarem ao Brasil.

Segundo o embaixador Alessandro Candeas, na região de Khan Yunis há relatos de problemas para conseguir acesso a água e gás e de proliferação de mosquitos. Algumas das crianças estão gripadas e com irritação nos olhos. "Conseguimos um médico árabe de Jerusalém que vai fazer atendimento a distância para os brasileiros", afirmou embaixador. O Governo Federal segue monitorando diariamente a situação.

Desde o início da Operação Voltando em Paz, instituída pelo Governo Federal para retirar brasileiros da zona de conflito no Oriente Médio, 1.413 passageiros foram resgatados de Israel. São 1.410 brasileiros, três bolivianas, além de 53 animais de estimação que voltaram em oito voos comandados pela Força Aérea Brasileira (FAB).

Entenda os principais pontos da guerra entre Israel e Hamas:

  • Desde o início do conflito, mais de 8.005 palestinos morreram, sendo 3.595 crianças e 2.062 mulheres, e mais de 20 mil ficaram feridos; do lado israelense, 1.405 israelenses morreram, sendo 311 soldados e 57 policiais, e há mais de 5.431 feridos;
  • Estima-se que 239 pessoas, a maioria israelenses, foram sequestradas pelo Hamas e levadas para Gaza; apenas 4 já foram libertadas; o número exato de capturados, no entanto, já sofreu alterações desde o início dos conflitos; as autoridades israelenses falam em 40 desaparecidas, além dos 239 reféns;
  • Em 22 dias de conflito cerca de 45% das residências de Gaza foram totalmente ou parcialmente destruídas e mais de 1.4 milhão de palestinos foram deslocados de suas casas, para outras partes de Gaza, após ordem de evacuação de Israel;
  • No  21.º dia do conflito entre Israel e Hamas, as Forças de Defesa de Israel (IDF) intensificaram os bombardeios à Gaza, e cortaram o acesso à internet e telefonia dos palestinos. A Faixa de Gaza, que já estava sem energia elétrica, sem combustível e praticamente sem água potável, ficou também incomunicável;
  • Após semanas anunciando uma possível invasão terrestre à Gaza, no dia 28 de outubro, Netanyahu deu aval para operação terrestre e ataques se intensificaram;
  • No dia 27 de outubro, a Assembleia Geral da ONU aprovou resolução que pede pausa humanitária em Gaza; o Representante palestino na ONU já havia pedido um cessar-fogo imediato; já no Conselho de Segurança da ONU os textos do Brasil, Rússia e EUA foram vetados; a proposta brasileira recebeu um único veto de um membro-permanente, dos EUA;  
  • Desde o início dos bombardeios, entidades de Direitos Humanos e a ONU alertam para o risco de agravamento da crise humanitária em Gaza. Com os hospitais e necrotérios sobrecarregados, palestinos chegaram a usar carros de sorvete e refrigeradores de alimentos para armazenar corpos;
Israel faz incursão noturna com tanques em Gaza; vídeo mostra ação:
  • Ajuda humanitária começou a chegar a Gaza apenas no dia 20 de outubro, 13 dias após o início do conflito;
  • Em 17 de outubro, o bombardeio ao Hospital Batista Al-Ahli, em Gaza, deixou ao menos 500 mortos; Israel acusou a Jihad Islâmica pelo bombardeio. O grupo negou; já no dia 19, a terceira igreja mais antiga do mundo, a Igreja de São Porfírio, localizada na Faixa de Gaza, foi bombardeada;
  • Em 7 de outubro, o Hamas realizou a maior onda de ataques contra Israel, o que resultou em mais de 1.200 mortos; Benjamin Netanyahu, que já adotava política que incentivava a expropriação de terras palestinas na Cisjordânia, onde o Hamas não tem controle,  declarou guerra ao Hamas e falou em destruir o grupo, iniciando uma nova onda de ataques à Gaza;
  • O que é o Hamas? O Hamas é organização militar, política e social que comanda a Faixa de Gaza desde 2007, quando venceu as eleições legislativas palestinas. O grupo é considerado uma organização terrorista por países da União Europeia e pelos Estados Unidos, mas não pela ONU;
  • O que é o cerco à Gaza? A Faixa de Gaza vive sob um intenso bloqueio terrestre, aéreo e marítimo, com restrições de entrada de suprimentos básicos, desde 2007, sendo considerada uma 'prisão a céu aberto' por analistas, pesquisadores e entidades de direitos humanos;
  • Estado Palestino: os palestinos reivindicam a criação de seu Estado (que inclui a Cisjordânia) desde 1948 quando o estado de Israel foi fundado. 

Israel x Hamas: os líderes e autoridades da guerra Israel x Hamas: os líderes e autoridades da guerra

Com informações da Reuters. 

Fonte: Redação Terra
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