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Argentina e Brasil ensaiam reaproximação em reunião virtual

Conversa virtual, a primeira desde a eleição de Alberto Fernández, foi vista como gesto de reaproximação entre os dois países

30 nov 2020 - 14h24
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O presidente da Argentina, Alberto Fernández, defendeu deixar as diferenças do passado e trabalhar com o Brasil em um acordo de preservação ambiental. Em conversa com o presidente Jair Bolsonaro, nesta segunda-feira, 30, o líder argentino manifestou preocupação com o tema do meio ambiente, de acordo com comunicado divulgado pela Casa Rosada após a reunião.

Presidente argentino, Alberto Fernández, fala a jornalistas na residência presidencial em Buenos Aires
12/8/2020 Juan Mabromata/Pool via REUTERS
Presidente argentino, Alberto Fernández, fala a jornalistas na residência presidencial em Buenos Aires 12/8/2020 Juan Mabromata/Pool via REUTERS
Foto: Reuters

Os dois presidentes tiveram uma conversa por videoconferência. O encontro foi anunciado pela Argentina e ainda não aparecia na agenda pública de Bolsonaro até o início da tarde, apesar de o Palácio do Planalto ter confirmado a conversa.

O ex-presidente José Sarney também participou da reunião, marcada oficialmente para celebrar 35 anos do encontro entre Sarney e o ex-presidente argentino Raúl Alfonsín em Foz do Iguaçu (PR).

De acordo com o comunicado do governo da Argentina, Fernández manifestou preocupação com a agenda ambiental do Brasil. Bolsonaro é pressionado internacionalmente por dar respostas efetivas ao desmatamento na Amazônia e no Pantanal. Recentemente, acusou outros países pela extração ilegal de mandeira no Brasil e pediu para não ser chamado de "inimigo do meio ambiente".

"Seguimos avançando em matéria de segurança e Forças Armadas, e temos que trabalhar juntos no tema ambiental, que é um assunto que nos preocupa muito. Devemos fazer um acordo de preservação", afirmou Fernández na conversa, de acordo com a nota do lado argentino. O governo brasileiro ainda não divulgou detalhes da reunião.

O encontro serviu como um gesto de reaproximação entre os dois países, tradicionais parceiros comerciais, após Bolsonaro manter uma relação conflituosa com o vizinho. Candidato ligado ao "kirchnerismo", Fernández visitou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em plena campanha pela Casa Rosada. O episódio foi considerado inaceitável por Bolsonaro, que desde então acirrou as críticas ao argentino. O brasileiro chegou a lamentar o resultado da eleição e se recusou a cumprimentar o colega.

Nesta segunda-feira, Fernández falou em deixar "as diferenças do passado e encarar o futuro com as ferramentas que funcionam bem entre nós" para "potencializar todos os pontos de acordo."

Fernández também defendeu uma negociação com o Brasil na área de gás natural. A Argentina defende a construção de um gasoduto até Porto Alegre. Para o presidente da Argentina, o encontro desta segunda-feira dá ao Mercosul o impulso necessário "e é imperioso que Brasil e Argentina o façam juntos".

Bolsonaro, por sua vez, destacou o bloco econômico como o "principal pilar de integração" entre os países e expressou vontade em avançar com interesses comuns, "em especial, no âmbito no turismo", de acordo com o comunicado do governo argentino. O presidente brasileiro também destacou a integração das Forças Armadas para o combate ao narcotráfico e ao crime internacional, segundo a nota.

Estadão
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