Argentina se opõe a taxação de super-ricos em ofensiva contra agenda do Brasil no G20
Negociador afirmou ter recebido instruções expressas para rejeitar a inclusão do tema em declaração final da cúpula
O governo da Argentina, sob a liderança do presidente ultraliberal Javier Milei, adotou uma postura de confronto em negociações do G20, posicionando-se contra a inclusão de temas como a taxação dos super-ricos, igualdade de gênero e compromissos relacionados à Agenda 2030 da ONU.
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A delegação argentina justificou a posição afirmando ter recebido instruções explícitas para rejeitar a inserção desses tópicos no texto da declaração final da cúpula do grupo, que ocorrerá nos dias 18 e 19 de novembro no Rio de Janeiro. As informações são da Folha de S. Paulo.
No centro da controvérsia está a taxação dos super-ricos, uma pauta defendida pelo ministro da Fazenda brasileiro, Fernando Haddad. Em julho, Haddad havia garantido um texto que reconhecia a importância de um "diálogo global sobre tributação justa e progressiva", incluindo indivíduos com altíssimo patrimônio.
A inclusão, mesmo moderada, foi vista como uma vitória do Brasil. No entanto, a Argentina agora tenta remover qualquer referência ao tema, o que negociadores brasileiros interpretam como um gesto alinhado às políticas do presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, que defende a manutenção de cortes tributários para os mais ricos e empresas.
Além disso, a delegação argentina também se opôs a trechos que abordam igualdade de gênero e empoderamento feminino, além de demonstrar resistência às metas dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU. Esses pontos, voltados para a sustentabilidade, erradicação da pobreza e proteção ambiental até 2030, são pilares da Agenda 2030, amplamente apoiada em cúpulas internacionais.
As posições de Buenos Aires intensificam as tensões no G20, um fórum que reúne as maiores economias do mundo, e podem dificultar a construção de consensos para a declaração final da cúpula.