Script = https://s1.trrsf.com/update-1733861710/fe/zaz-ui-t360/_js/transition.min.js
PUBLICIDADE

As hemorroidas de Napoleão e outras curiosidades sobre a batalha de Waterloo, que faz 200 anos

21 jun 2015 - 17h11
Compartilhar
Exibir comentários

Waterloo, no que hoje é a Bélgica, 18 de junho de 1815. O imperador Napoleão Bonaparte escapou do exílio na ilha de Elba e está se preparando para lançar seu último desafio à Europa, que uma vez jurou dominar.

São 72 mil franceses e 68 mil aliados (britânicos, holandeses, belgas e alemães), além de 45 mil prussianos. 60 mil cavalos e 500 peças de artilharia.

Mas as tropas comandadas pelo Duque de Wellington deram o golpe final em Napoleão, encerrando 23 anos de luta entre a França e o resto da Europa.

As perdas foram muitas. Morreram 48 mil pessoas, 25 mil do lado francês. Derrotado de uma vez por todas, Napoleão abdicou ao trono ─ pela segunda vez ─ do qual havia se proclamado imperador.

Como parte das comemorações do bicentenário, nesta semana, foi feita uma encenação da batalha com duração de cerca de 10 horas.

As reconstituições continuam neste domingo: como não havia jornalistas no local, o mensageiro do duque de Wellington levou três dias para chegar a Londres e informar que ele havia ganho a batalha, o que será encenado hoje.

A BBC Mundo ─ o serviço em espanhol da BBC ─ reuniu esta e outras curiosidades sobre a batalha.

1. As hemorroidas de Napoleão

Enquanto os soldados lutavam corpo a corpo, o general francês travava uma batalha mais íntima que, segundo alguns, seria em parte responsável por sua derrota final.

Alguns "biohistoriadores", incluindo o escritor americano Arno Karlen, acreditam que Napoleão lidava naqueles dias com um grande caso de hemorroida, que tornou um inferno até a simples tarefa de montar em seu cavalo.

A condição, alegam, o impediu de dormir na noite anterior. Exausto, não acertou as ordens na batalha e acabou perdendo tudo.

Mas não há consenso sobre o tema.

2. Uma conta antiga

Parece que o duque de Wellington não gostava da vida militar ─ chamava as tropas de "a escória da Terra" e o Exército de "mal necessário". Mas ele não saiu mal da batalha.

Além da crescente influência política que ganhou após a bem sucedida campanha de Waterloo, Wellington recebeu uma "boa soma de dinheiro", disse o historiador Paul O'Keffee, autor de "Waterloo: The Aftermath", livro publicado em 2014 .

Segundo O'Keffe, a sua parte do "bônus" pago pela França após a derrota equivale a cerca de US$ 5 milhões (R$ 15 milhões) em valores atuais.

Um ex-senador belga criou polêmica quando disse, em 2001, que os descendentes de Wellington estavam cobrando uma quantia de cerca de US$ 200 mil (R$ 600 mil) todos os anos do governo belga em agradecimento aos serviços prestados pelo seu ancestral em Waterloo.

No entanto, um advogado da família Wellington, citado pelo jornal britânico The Guardian, disse que o senador belga tinha chegado "a conclusões incorretas".

3. Não foi em Waterloo

A batalha de Waterloo não ocorreu em Waterloo.

A maior parte do combate se desenrolou poucos quilômetros ao sul, na localidade de Braine-l'Alleud et Plancenoit.

Waterloo, agora uma cidade multilíngue de pouco mais de 30 mil habitantes, foi onde Wellington elaborou seu relatório de batalha. E foi assim que o nome ficou para a posteridade.

Um erro com o qual a História, em geral, pode conviver, mas que é uma pedra no sapato dos historiadores de Braine-l'Alleud et Plancenoit.

"Napoleão nunca pôs os pés em Waterloo, isso é fato", disse o historiador belga Bernard Coppens ao jornal americano The Wall Street Journal no início deste ano.

"E, no entanto, (Waterloo) ficou com toda a glória", se queixou um colega, Eric Meuwissen.

A indignação dos especialistas e de algumas autoridades regionais virou coisa séria quando eles entraram com uma ação contra um guia de viagem que não incluiu o nome da cidade em uma edição especial sobre a batalha de Waterloo.

A próxima audiência do caso será em 2016.

4. Guarda-chuvas proibidos

Chovia na Bélgica quando as tropas de Wellington chegaram, em junho.

Mas os britânicos, naturalmente, haviam levado guarda-chuvas.

Mas não sabiam que usá-los era expressamente proibido: "Sem guarda-chuva aberto na presença do inimigo", diziam as instruções rigorosas dadas aos oficiais no campo.

Aparentemente, o duque de Wellington não aprovou seu uso no campo de batalha e não permitiu que seus comandantes "parecessem ridículos aos olhos do Exército" ao usar o acessório.

5. Ferraduras e dentaduras de Waterloo

Os dentes de soldados mortos em batalha e as ferraduras dos cavalos mortos estavam entre os objetos mais preciosos entre os que percorriam o campo sangrento de Braine-l'Alleud et Plancenoit à procura de objetos para saquear após os acontecimentos de 18 de junho de 1815.

Eram tempos de maus hábitos alimentares e de higiene bucal pior ainda, então um bom conjunto de dentes era negociado em alta no mercado da emergente profissão de dentista.

Hoje, elas são conhecidas como as "dentaduras de Waterloo". E até o próprio Wellington chegou a usá-las. Embora, em seu caso, os dentes usados saíram de outra batalha, da qual não se sabem detalhes.

6. A notícia do século, sem qualquer jornalista

Este dado devemos ao professor de história da Universidade de Kingston Brian Cathcart e a seu artigo publicado em maio passado no The Guardian: nenhum dos cerca de 50 jornais e semanários que existiam em Londres em 1815 enviou um repórter para cobrir os eventos de Waterloo.

"Não se considerava parte do trabalho do jornalista testemunhar os acontecimentos pessoalmente", diz o professor.

Apenas três dias após a batalha, o mensageiro de Wellington chegou a Londres com a notícia da vitória. Enquanto isso, todos os tipos de rumores foram ouvidos; todos os cenários eram considerados em ruas, teatros e bares, causando pânico coletivo ou alívio.

Mas, por sua vez, não faltaram turistas. De acordo com Paul O'Kefee, eles começaram a chegar na manhã seguinte à batalha, e chegaram a alimentar um comércio considerável de souvenires.

"Desde insígnias para chapéus até espadas e pistolas podiam ser comprados nas mãos de camponeses locais", diz o especialista.

E a tradição também é lembrada no século 21. De acordo com o site oficial do bicentenário da Batalha de Waterloo, que organiza a encenação do combate na Bélgica, um chapéu para crianças pode ser comprado por cerca de US$ 17 (R$ 51), enquanto uma medalha comemorativa custa cerca de US$ 12 (R$ 36).

Os broches de Wellington e Napoleão custam a mesma coisa: cerca de US$ 9 (R$ 27).

BBC News Brasil BBC News Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização escrita da BBC News Brasil.
Compartilhar
Publicidade
Seu Terra












Publicidade