As novas sanções contra a Rússia — e como essa estratégia está afetando a economia do país
EUA, União Europeia e Reino Unido anunciaram novas medidas contra o país — mas qual tem sido a eficácia das sanções?
Dois anos após a invasão da Ucrânia, os Estados Unidos, a União Europeia e o Reino Unido anunciaram novas sanções à Rússia.
As medidas também marcaram uma semana desde a morte do líder da oposição Alexei Navalny, que estava em uma prisão russa.
O que são sanções?
Sanções são penas impostas por um país a outro, para impedi-los de agir de forma agressiva ou de violar o direito internacional.
Sanções são algumas das medidas mais duras que um país pode adotar, na tentativa de evitar uma guerra.
Quais são as mais recentes sanções contra a Rússia?
O presidente dos EUA, Joe Biden, anunciou 500 novas sanções contra a Rússia. Segundo o americano, as medidas têm como alvo a máquina de guerra russa. Quase cem empresas ou indivíduos sofrerão restrições às suas exportações.
Biden disse que as medidas também têm como alvo pessoas ligadas à prisão onde Navalny morreu.
O Reino Unido congelou os bens de seis chefes na prisão e os proibiu de viajar para o Reino Unido.
O Reino Unido também impôs novas proibições às exportações russas de metais, diamantes e energia.
A União Europeia anunciou sanções a 200 organizações e pessoas que, segundo ela, ajudam a Rússia a adquirir armas ou a retirar crianças ucranianas das suas casas.
As sanções incluem empresas e indivíduos envolvidos no envio de armamentos norte-coreanos para a Rússia.
Quais outras sanções foram impostas à Rússia?
Desde a invasão da Ucrânia pela Rússia em fevereiro de 2022, os EUA, o Reino Unido e a EU — juntamente com países como a Austrália, o Canadá e o Japão — impuseram mais de 16,5 mil sanções à Rússia.
O principal alvo das medidas tem sido a moeda da Rússia.
As reservas em moeda estrangeira no valor de US$ 350 mil milhões — aproximadamente metade das suas reservas totais — foram congeladas.
Cerca de 70% dos ativos dos bancos russos também foram congelados, afirma a UE. E alguns foram excluídos do Swift, um serviço de mensagens de alta velocidade entre instituições financeiras.
Os países também:
- proibiram exportações de tecnologia que a Rússia poderia usar para fabricar armas
- proibiram as importações de ouro e diamantes da Rússia
- proibiram voos que vem da Rússia
- sancionaram oligarcas - os ricos empresários ligados ao Kremlin - e apreenderam os seus iates
A indústria do petróleo da Rússia também tem sido outro alvo importante.
Os EUA e o Reino Unido proibiram a comercialização de petróleo e gás natural russos. A UE proibiu as importações de petróleo bruto por via marítima.
O G7 — entidade que reúne as sete maiores economias do mundo desenvolvido — impôs um preço máximo de US$ 60 por barril ao petróleo bruto russo, para tentar reduzir os lucros das empresas do país.
Quais empresas ocidentais deixaram a Rússia?
Centenas de grandes empresas, incluindo McDonald's, Coca-Cola, Starbucks e Heineken, pararam de vender e fabricar produtos na Rússia.
No entanto, alguns ainda fazem negócios na Rússia.
A PepsiCo, por exemplo, foi acusada de continuar vendendo produtos alimentares na Rússia. E a BBC descobriu que a empresa americana de cosméticos Avon fabricava produtos em uma fábrica perto de Moscou.
Como a Rússia combate as sanções?
O presidente Vladimir Putin afirmou que as sanções europeias não estão causando danos à Rússia. Em recente entrevista, ele disse: "Nossa economia cresceu e a deles diminuiu".
A Rússia conseguiu vender petróleo no estrangeiro por um valor superior ao preço máximo do G7, segundo o Atlantic Council, um centro de pesquisas dos EUA. Alguns especialistas dizem que uma "frota fantasma" de cerca de mil navios-tanque está sendo usada para transportar o produto.
A Agência Internacional de Energia afirma que a Rússia ainda exporta 8,3 milhões de barris de petróleo por dia — tendo aumentado os fornecimentos à Índia e à China.
A Rússia também é capaz de importar muitos produtos ocidentais sancionados, que passam primeiro por países como Geórgia, Belarus e Cazaquistão, segundo pesquisadores do King's College London.
A China tem sido um fornecedor vital de produtos de alta tecnologia alternativos aos produzidos no Ocidente, afirma Maria Snegovaya, do centro de pesquisas americano Center for Strategic and International Studies.
"A China vende chips e outros componentes necessários para manter a produção militar [russa]", diz ela. "A Rússia não conseguiria fazer isso sem a ajuda da China."
Qual o impacto que as sanções tiveram na economia da Rússia?
Em 2022, primeiro ano da guerra, a economia da Rússia encolheu 2,1%, segundo o Fundo Monetário Internacional.
No entanto, estima que a economia da Rússia tenha crescido 2,2% em 2023 e prevê um crescimento de 1,1% em 2024.
No entanto, o Tesouro dos EUA afirma que as sanções estão afetando a Rússia, tendo cortado 5% do crescimento econômico que o país poderia ter tido nos últimos dois anos.
Mas Snegovaya sugere: "As sanções não tornaram esta guerra suficientemente cara para a Rússia, e isso significa que a Rússia pode continuar em guerra durante algum tempo".
O Tesouro dos EUA afirma que a guerra na Ucrânia e as sanções levaram mais de um milhão de pessoas - muitas delas jovens e com alto nível de escolaridade - a deixar a Rússia.
O governo da Rússia também tem cortado gastos com saúde para financiar a guerra na Ucrânia, segundo o Ministério da Defesa do Reino Unido.
"Isso atinge principalmente as pessoas nas áreas rurais", diz James Nixey, do centro de pesquisas de relações exteriores Chatham House. "O governo faz cortes ali, e não nas grandes cidades, onde poderiam causar revoltas."