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Ásia

A onda de violência no Afeganistão, que já deixou mais de 160 mortos em uma semana

Ataques suicidas evidenciam crise de segurança em país asiático, às voltas com o Talebã e crescimento do Estado Islâmico.

6 jun 2017 - 11h14
(atualizado às 11h43)
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Equipes de resgate removem destroços em área afetada por ataque suicida em 1o de junho
Equipes de resgate removem destroços em área afetada por ataque suicida em 1o de junho
Foto: BBC News Brasil

Mais de 150 pessoas morreram na semana passada em um ataque suicida em Cabul, a capital do Afeganistão. Trata-se do maior ataque no país asiático desde 2001, ano em que uma coalizão internacional removeu do poder o regime fundamentalista islâmico do Talebã.

Anteriormente, a estimativa das autoridades do país asiático eram de que 90 pessoas tinham morrido, mas a correção nas estatísticas foi apresentada nesta terça-feira pelo presidente afegão, Ashraf Ghani, na abertura de uma conferência com 23 nações, entre elas os Estados Unidos, Rússia e a China, para discutir possíveis soluções para trazer segurança e estabilidade ao país.

O governo de Ghani tem sido alvo de protestos por conta da crise de segurança evidenciada pelos sangrentos eventos de semana passada, e o presidente adotou um tom pouco conciliador com os militantes muçulmanos ao dizer que "é hora de o Talebã aceitar a paz ou enfrentar as consequências".

Mas mesmo durante o encontro houve um lembrete de como a situação está se deteriorando até em Cabul, há até pouco tempo considerada uma espécie de "ilha" de segurança no país: um foguete atingiu uma quadra de tênis nas cercanias da embaixada da Índia. Segundo a polícia, não houve feridos.

O presidente do Afeganistão, Ashraf Ghani, conduz uma oração durante rodada de negociações em Cabul
O presidente do Afeganistão, Ashraf Ghani, conduz uma oração durante rodada de negociações em Cabul
Foto: BBC News Brasil

O ataque a bomba de semana passada, o mais mortífero desde que o Talebã foi tirado do poder por forças lideradas pelos EUA, em 2001, deu origem a protestos violentos contra o governo, em que quatro pessoas morreram. A polícia usou bombas de efeito moral e tiros para o alto para tentar conter as multidões.

No fim de semana, o enterro de um dos mortos no protesto foi alvo de três ataques suicidas, que deixaram o menos sete mortos.

De acordo com as estatísticas mais recentes da ONU, houve 715 mortes de civis nos primeiros três meses de 2017, com quase 1,5 mil feridos. O total para o ano de 2016 foi de quase 3,5 mortos e cerca de 8 mil feridos. A maioria das fatalidades ocorreu em decorrência de incidentes com extremistas e bombardeios aéreos.

Ainda não se sabe quem foram os autores dos atentados de semana passada. O Talebã negou ter participado, mas o governo afegão acusa um grupo afiliado, o Haqqani, de ter realizado as atrocidades, com apoio do Paquistão. O país vizinho rejeita as acusações.

Policial afegão monta guarda em posto de checagem
Policial afegão monta guarda em posto de checagem
Foto: BBC News Brasil

No início do ano, um comandante militar dos EUA defendeu abertamente o envio de mais tropas internacionais para o Afeganistão como forma de resolver o que ele chamou de "impasse" na luta contra o Talebã, cujos miliantes controlam mais de um terço do território afegão.

O país tem importância estratégica para uma série de outras nações, mais especificamente por fazer fronteira com o Irã e o Turcomenistão, donos, respectivamente, da segunda e quarta maiores reservas de gás natural do mundo. Isso faz do Afeganistão um importante ponto de passagem para gasodutos presentes e futuras.

E é palco de uma luta por influência regional entre grandes potências como EUA, Rússia e China. Some-se a isso a conturbada relação com o vizinho Paquistão, acusado de ser o principal patrocinador do Talebã. E, mais recentemente, o surgimento do braço afegão do grupo radical autodenominado Estado Islâmico.

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