Afeganistão acusa Paquistão de usar talibãs em "política externa"
O chefe de governo do Afeganistão, Abdullah Abdullah, acusou neste domingo o Paquistão de utilizar os insurgentes para sua "política externa" e impôs como condição que o país deixa de apoiar os talibãs em seu território para que possa mediar as negociações de paz com os mesmos.
"O Afeganistão espera que o Paquistão deixe de apoiar os insurgentes. Essa é nossa primeira expectativa e entrar no diálogo de paz será outro nível", indicou Abdullah em comunicado divulgado em sua conta da rede social Twitter.
O chefe de governo afegão pediu a Islamabad que "deixe de usar a insurgência como executora para conseguir suas conquistas em política externa" e destacou que "proteger as pessoas sempre está em primeiro lugar".
"Queremos ter um diálogo de paz com os talibãs afegãos. Também estamos comprometidos a proteger nossa gente do terrorismo", ressaltou Abdullah.
Estas declarações ocorrem três dias depois que o primeiro-ministro paquistanês, Nawaz Sharif, e o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, sublinharam em um comparecimento conjunto em Washington o "compromisso" para avançar rumo à "reconciliação" no Afeganistão e chamaram os talibãs para retomar as conversas com Cabul.
Em discurso em um centro investigador durante sua recente visita aos Estados Unidos, Sharif argumentou que Islamabad está disposto a levar os talibãs à mesa de negociação, mas não pode fazê-lo e ao mesmo tempo matá-los.
O Paquistão acolheu em julho a primeira reunião oficial entre o governo afegão e os talibãs, processo que foi suspenso no final desse mesmo mês quando foi revelado que o mulá Omar, fundador e líder talibã, tinha falecido em 2013.