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Ásia

Americano que matou 16 civis no Afeganistão começa a ser julgado

20 ago 2013 - 23h04
(atualizado em 21/8/2013 às 00h38)
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O sargento americano Robert Bales, que admitiu ter massacrado 16 civis no Afeganistão, enfrentou nesta terça-feira sangrentas fotografias e eloquentes depoimentos de sobreviventes e familiares de suas vítimas, em um julgamento militar em Washington (noroeste).

"O que eu fiz de ruim ao sargento Bales para que matasse meu pai?", perguntou Khan, um menino pequeno, cujo pai foi morto no ataque em 11 de março de 2012.

"Sempre tenho a sensação de que alguém vai entrar", disse Sadiqullah, outro garoto, aparentando 12 anos, que recebeu disparos na orelha e no pescoço, quando Bales atirou em sua casa. "Pensei que estivesse sonhando, mas acordei e ouvi os gritos", contou o menino a um painel de seis jurados.

Seu pai, Mohammed Haji Naeem, que recebeu tiros no pescoço e na cabeça, acrescentou: "Tenho dano neurológico e gaguejo desde que você atirou em mim. Desde que esse bastardo atirou em mim, eu não sou praticamente nada. Minha vida mudou dramaticamente".

Ao todo, nove camponeses afegãos viajaram para a Base Conjunta Lewis-McChord, 80 km ao sul de Seattle no estado de Washington (noroeste), para dar seu depoimento. Sete deles testemunharam nesta terça.

Um tribunal militar decidirá se Bales terá direito à liberdade antecipada quando receber a sentença de prisão perpétua pelo que se considera o pior crime cometido por um militar americano durante a guerra no Afeganistão.

Um porta-voz da base, tenente Gary Dangerfield, disse à AFP que a sentença deve ser anunciada esta semana.

Robert Bales, de 40 anos, declarou-se culpado em junho por matar 16 civis, entre eles nove crianças, após abandonar sua base em 11 de março do ano passado no distrito Panjwayi, na província de Kandahar (sul).

Bales, que se mostrou impassível durante o dia, evitou olhar as fotos exibidas pela defesa.

O júri também ouviu o áudio das conversas por telefone com sua mulher, Kari. Segundo a promotoria, o sargento mostra "falta de remorsos" ao ler as 16 acusações de assassinato e seis tentativas de assassinato que pesam contra ele.

Discutindo as acusações, ele diz à mulher: "esse é burro, esse me faz rir". Mais adiante, ao ler os nomes das vítimas, ele comenta: "não tinham nomes antes, eram apenas 'homem' ou 'mulher' (...) Eles nem sabiam quem essas pessoas eram".

No início das audiências na segunda-feira, com a apresentação de moções de ambas as partes, o juiz Jeffrey Nance esclareceu que o melhor cenário para Bales seria prisão perpétua com a possibilidade de liberdade antecipada após 20 anos.

Bales estava tomando whisky e olhando o filme de ação "Chamas da vingança" junto com seus colegas antes de abandonar a base militar no Afeganistão duas vezes para massacrar as vítimas.

AFP Todos os direitos de reprodução e representação reservados. 
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