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Ásia

Cameron mostra profundo pesar com massacre na Índia em 1919

20 fev 2013 - 13h16
(atualizado em 27/2/2013 às 10h20)
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David Cameron tornou-se nesta quarta-feira o primeiro premiê britânico em serviço a expressar pesar sobre um dos episódios mais sangrentos da Índia colonial, o massacre de civis desarmados na cidade de Amritsar, em 1919.

O primeiro-ministro britânico, David Cameron, coloca uma guirlanda sobre o memorial de Jallianwala Bagh na cidade de Amritsar, no norte da Índia. 20/02/2013
O primeiro-ministro britânico, David Cameron, coloca uma guirlanda sobre o memorial de Jallianwala Bagh na cidade de Amritsar, no norte da Índia. 20/02/2013
Foto: Munish Sharma / Reuters

Os assassinatos, conhecidos na Índia como o massacre Jallianwala Bagh, foram descritos por Mahatma Gandhi, o pai do movimento de independência da Índia, como um abalo aos alicerces do Império Britânico. Um grupo de soldados abriu fogo contra uma multidão desarmada sem aviso, na cidade do norte indiano, após um período de agitação, matando centenas a sangue frio.

A visita de Cameron e a demonstração de arrependimento pelo que aconteceu não chegaram a ser um pedido de desculpas, mas deixou claro que ele considera o episódio uma mancha no passado da Grã-Bretanha.

Vestido em um terno escuro, Cameron colocou uma coroa em um memorial ao massacre, um obelisco de pedra de cor terracota. Ele, então, ficou na frente do monumento em silêncio por alguns instantes.

"Este é um acontecimento profundamente vergonhoso da história britânica, que Winston Churchill corretamente descreveu na época como ‘monstruoso'", escreveu Cameron em um livro de visitas, referindo-se ao ex-líder britânico.

O gesto, feito no terceiro e último dia de uma visita à Índia que visa angariar comércio e investimento, é visto como uma tentativa de melhorar as relações com a antiga colônia britânica e conquistar cerca de 1,5 milhões de eleitores britânicos de origem indiana, antes da eleição de 2015.

Antes de sua visita, Cameron disse que havia laços de história entre os dois países "tanto bons quanto ruins". "Em Amritsar, quero aproveitar a oportunidade para prestar minhas homenagens ao Jallianwala Bagh", afirmou ele antes da visita. Cameron também visitou o Templo Dourado em Amritsar, o santuário mais sagrado do sikhismo.

O relato britânico sobre o massacre de Amritsar na época apontou que 379 pessoas foram mortas e 1.200 ficaram feridas. Mas um inquérito separado encomendado pelo movimento pró-independência indiana afirmou que cerca de 1.000 pessoas foram mortas na cidade em Punjab.

O general de brigada Reginald Dyer, o homem que deu a ordem de disparar, explicou sua decisão dizendo que sentiu que era necessário "ensinar uma lição moral ao Punjab". Alguns na Grã-Bretanha o consideram "o homem que salvou a Índia", mas outros o condenam. A Índia se tornou independente em 1947.

Muitos historiadores consideram o massacre um ponto de virada que minou o domínio britânico da Índia. Foi, segundo dizem, um dos momentos que levaram Gandhi e o movimento pró-independência Congresso Nacional Indiano a perder a confiança nos britânicos, inspirando-os a embarcar em um caminho de desobediência civil.

Cameron disse que os dois países têm uma "relação especial", um termo geralmente reservado para as relações da Grã-Bretanha com os Estados Unidos. Por agora, a economia da Grã-Bretanha é a sexta maior do mundo e a Índia é a décima. Mas a Índia tem previsão de ultrapassar seu antigo chefe colonial nas próximas décadas e Londres quer compartilhar esse sucesso econômico.

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