Campanha pede cabelo humano para conter vazamento de petróleo
Várias associações tailandesas iniciaram uma campanha nacional para colher cabelo humano destinado a fabricar "lianas" para conter a mancha de petróleo que chegou nesta semana à costa leste da Tailândia.
"Em vez de discutir quem é o culpado, vá à barbearia mais próxima, peça o cabelo cortado e leve-o a um ponto de coleta", diz a mensagem publicada por milhares de usuários nas redes sociais.
"Até o momento temos 200 'lianas' fabricadas à base de cabelo humano e meias de seda. Componentes que absorvem a gordura melhor que o algodão e o papel usado pelas autoridades", declarou à Agência Efe Goi, responsável por um Centro Comunitário de Bangcoc que é ponto de coleta de cabelo.
Cerca de 50 mil litros de petróleo vazaram no mar desde sábado passado por causa de uma falha, já corrigida, em um oleoduto marinho de uma filial da companhia, que tem participação da estatal PTT, de acordo com dados da companhia petrolífera que o Greenpeace e outras organizações ambientais põem em dúvida.
"Seu cabelo pode salvar a ilha de Samet", convoca o anúncio da televisão local "PBS" e da Universidade de Thammasat, entre outras instituições.
As praias tropicais de areia branca da costa ocidental de Samet, ao leste de Bangcoc, amanheceram nesta semana cobertas por um manto de 30 centímetros de espessura de cor negra.
Centenas de turistas foram retirados da praia de Al Phrao pelas autoridades, onde foi registrado o maior acúmulo de matéria contaminante. Pelo menos 350 soldados da Marinha tailandesa foram enviados em missões de limpeza, enquanto 10 embarcações trabalham para evitar que o vazamento chegue ao resto do litoral da província de Rayong.
"Pode levar meses para que a situação volte à normalidade", declararam responsáveis pelo serviço de ônibus que faz o percurso de Bangcoc até a ilha, refúgio de milhares de pessoas que buscam escapar do caos da capital tailandesa nos fins de semana.
Agentes de turismo e proprietários de hotéis e albergues avaliam como podem conter a queda brusca do turismo, principal fonte de renda de Samet.
"Muitas pessoas pensam que toda a ilha foi atingida pela mancha negra, mas não é assim. A costa oriental permanece limpa", afirmou a proprietária de um complexo turístico na zona ao jornal Bangcoc Post.
Além do vazamento, muitas pessoas desistiram de viajar para a região por causa do forte cheiro de óleo e dos produtos químicos usados na limpeza que ainda impregna a ilha.
A primeira-ministra da Tailândia, Yingluck Shinawatra, falou direto da Tanzânia, onde está em viagem oficial, que a companhia petroquímica custeará todas as despesas causadas pelo desastre ambiental, calculados inicialmente em100 milhões de baht (US$ 3,2 milhões).
Desde que aconteceu o vazamento de petróleo, as redes sociais se transformaram em um gigantesco fórum de debates onde surgiram várias ideias e campanhas para "resgatar a ilha de Samet".
As 'lianas' de cabelo humano foram utilizadas em 2007 para limpar 200 toneladas de petróleo na baía de São Francisco que vazaram do navio Cosco Busan.
Em 2010, a organização ambiental Matter of Trust também realizou uma campanha para captar doadores de cabelo humano para combater o desastre ambiental no Golfo do México após o naufrágio de uma plataforma da companhia petrolífera BP.