China investiga assessor de ex-presidente por corrupção
Assessor do ex-presidente Hu Jintao estaria sendo investigados; "mas isso não significa necessariamente que ele será processado", disse fonte à Reuters
O Partido Comunista da China anunciou uma investigação de corrupção sobre um assessor do ex-presidente Hu Jintao nesta segunda-feira, enquanto o atual mandatário, Xi Jinping, abre uma nova frente em sua batalha contra a corrupção consolidada.
Em um breve comunicado em seu website, o órgão de fiscalização anticorrupção do partido disse que Ling Jihua está sendo investigado por "suspeita de sérias violações disciplinares", o eufemismo normalmente utilizado para corrupção. Não havia mais detalhes na nota.
Entretanto, duas fontes ligadas à liderança da legenda dizem que Ling, que lidera um órgão do partido acusado de procurar não comunistas e tem um cargo equivalente ao de vice-premiê, pode escapar de processo.
"Ele está sendo investigado, mas isso não significa necessariamente que ele será processado", afirmou uma fonte ligada à liderança à Reuters, que falou em condição de anonimato. "Este é Xi Jinping sendo justo", acrescentou a fonte, querendo dizer que o presidente está disposto a mostrar que sua cruzada será direcionada a todos e que ninguém estará a salvo, não importando suas ligações no partido.
Diversos aliados a outro ex-presidente, Jiang Zemin, também são alvos de investigação, incluindo o ex-líder do partido em Chongqing Bo Xilai e o ex-chefe de segurança doméstica Zhou Yongkang. "Xi não está se destinando a investigar uma facção específica", disse uma segunda fonte. "A equipe de Hu Jintao está sendo investigada."
Ling Jihua foi afastado do comando em setembro de 2012 depois que fontes afirmaram que seu filho estava envolvido em um acidente fatal com um carro esportivo de luxo.
O carro seria uma Ferrari, segundo fontes, e teve presença em um acidente em Pequim no mês de março de 2012, em um incidente embaraçoso para a legenda que controla o país - as percepções de que os filhos de autoridades do partido vivem de maneira rica e privilegiada, sem conexão alguma com o povo, disseram as fontes.
Ling foi afastado de seu cargo de chefe geral do comitê central, um posto importante, similar a um de secretário de gabinete em governos parlamentaristas. Ele foi então indicado para o cargo de ministro da Frente Unida de Trabalho, um cargo de menos expressão que é encarregado de cooptar não comunistas, grupos religiosos e minorias étnicas.
Até a noite de segunda-feira, a foto de Ling e sua biografia ainda estavam no site da Frente Unida, sugerindo que, apesar da investigação, ele ainda está no cargo. Não foi possível encontrá-lo para que comentasse o caso, e não ficou claro se ele tem um advogado.
Especulações sobre o destino de Ling estavam em alta depois que uma investigação sobre seu irmão mais velho, Ling Zhengce, foi anunciada em junho por suspeita de "sérias violações legais e disciplinares". Depois que Ling Zhengce foi afastado, a agência estatal Xinhua afirmou que "ter alguém no palácio não ajudaria em nada", em referência aos seus contatos familiares.
Entretanto, na semana passada, Ling Jinhua publicou um artigo de 4.000 caracteres em um dos grandes jornais do partido, o Qiushi, sobre a importância de manter a unidade entre as minorias étnicas do país, mencionando o nome de Xi ao menos 15 vezes.
A campanha oficial da China contra a corrupção foi intensificada desde que Xi assumiu a Presidência, e uma série de autoridades do governo e de empresas estatais foi detida.
A prisão de Zhou foi anunciada no início do mês e o governo também investiga Xu Caihou, comandante aposentado da poderosa Comissão Central Militar.