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Ásia

Sob protestos, China realiza festival de carne de cachorro

21 jun 2016 - 11h46
(atualizado às 12h16)
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Homem espera por clientes ao lado de jaulas com cachorros para serem vendidos
Homem espera por clientes ao lado de jaulas com cachorros para serem vendidos
Foto: EFE

A China realizou nesta terça-feira a edição mais polêmica de seu maior festival de carne de cachorro, o da cidade meridional de Yulin, com uma forte presença policial e midiática em meio aos crescentes protestos em nível local e internacional para pôr fim a esta tradição.

Os vendedores e restaurantes ocultavam em dias prévios a palavra "cachorro" dos cartazes e desde a primeira hora da manhã desta terça-feira vários agentes uniformizados e à paisana andavam pelo mercado que vende carne de cachorro.

O ambiente era tenso em Yulin. Seus habitantes e os cidadãos que se deslocaram de outras partes da China mostravam incômodo com a presença de jornalistas e defensores dos animais, e falavam sobre o direito de celebrar esta tradição enquanto impediam o trabalho dos repórteres, segundo pôde confirmar Agência Efe.

Diversos grupos de ativistas se aproximaram do mercado onde os cachorros estavam amontoados em pequenas jaulas para libertar alguns deles, pagando de 500 a 700 iuanes (de US$ 76 a US$ 106) por animal aos comerciantes.

Apesar das disputas, não aconteceu nenhum problema, e os presentes no festival puderam celebrar mais uma vez o solstício de verão comendo carne de cachorro, movidos pela crença de que ajuda a combater o calor estival e é benéfica para o corpo.

Entre 2 mil e 4 mil cachorros serão sacrificados, tradicionalmente mortos com barras de metal, entre hoje e amanhã, apesar de centenas terem sido mortos de forma prévia, por isso que o número total é muito maior, segundo confirmaram à Efe desde a Humane Society International (HSI), um dos grupos líderes na luta contra o comércio destes animais na China.

Prato feito com carne de cachorro em restaurante de Yulin
Prato feito com carne de cachorro em restaurante de Yulin
Foto: EFE

Os ativistas não só denunciam a prática de comer carne do "melhor amigo do homem", mas também os maus-tratos ao qual são submetidos nesta celebração e o fato de que o festival ajude a promover um mercado ilegal que opera por todo o país.

Segundo o HSI, dos milhares de cachorros que morrerão em Yulin, a maioria é formada por animais de estimação roubados ou animais de rua de duvidosa higiene, provenientes de múltiplas zonas da China.

O governo segue permitindo este acontecimento, embora trate há alguns anos se distanciar, enquanto aumenta a pressão nacional e internacional.

Neste ano, os ativistas apresentaram em Pequim 11 milhões de assinaturas de cidadãos de todo o mundo para pôr fim a esta realização, e um estudo oficial refletia que 64% dos cidadãos chineses também apoiam sua proibição.

A polêmica chegou também hoje à entrevista coletiva diária oferecida pelo Ministério chinês das Relações Exteriores para jornalistas estrangeiros, na qual uma porta-voz desta pasta, Hua Chunying, tratou de minimizar o assunto.

"O governo provincial nunca organizou este tipo de festival", garantiu Hua, e considerou que esta é uma tradição local isolada.

No entanto, os números de organizações como HSI apontam que entre 10 e 20 milhões de cachorros são sacrificados por ano na China por sua carne, dos quais 30 milhões morrem na Ásia para o mesmo fim. A carne de cachorro também é muito popular nas duas Coreias.

"Na China, não temos uma lei que proteja os animais, e por isso seguimos vendo festivais deste tipo; além disso, há etnias com tradições centenárias que incluem comer carne de cachorro e é muito difícil acabar com elas em um dia", explicou à Efe um ativista de uma associação de Pequim dedicada a resgatar cachorros.

EFE   
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