Chinês preso denuncia abusos sexuais em celas por policiais
O ativista contou que em 25 de março três policiais entraram em sua cela e pediram a todos os presos que tirassem as calças
O ativista Guo Feixiong, que está preso em Cantão, no sul da China, denunciou que seus companheiros de cela foram abusados sexualmente por policiais.
Guo, que está preso há vinte meses e aguarda a sentença de seu julgamento, denunciou os supostos abusos por meio de seu advogado, Li Jinxing, que o visitou na cadeia, informou para a Agência Efe a organização Chinese Human Rights Defenders (CHRD). O organismo pede a investigação do caso.
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De acordo com um comunicado, Guo contou que em 25 de março três policiais entraram em sua cela e pediram a todos os presos que tirassem as calças. Quando ele se negou a cumprir a ordem, foi retirado da cela.
Já fora do recinto, o ativista escutou gritos, e quando retornou um companheiro contou que os policiais tinham 'tocado bruscamente' em suas genitálias e batido em suas nádegas. "Ele sentiu que tinha sido vítima de um grave abuso sexual", contou o ativista, segundo o comunicado.
Guo disse ainda que outro companheiro de cela revelou que os policiais mandaram ele ficar nu e saltar, enquanto um agente o ameaçava de morte.
Advogados de direitos humanos denunciaram em várias ocasiões os abusos cometidos nas prisões chinesas - causando até mesmo a morte dos presos. O advogado de Guo, no entanto, afirmou que nunca tinha escutado relatos de abusos sexuais.
Li Jinxing disse que o ativista estava se colocando em perigo ao revelar o ocorrido e que certamente será "torturado" por isso. O advogado explicou que Guo fez a denúncia para que o caso seja investigado.
Frances Eve, dirigente da Chinese Human Rights Defenders, disse que o governo chinês deveria averiguar urgentemente os fatos. "Qualquer culpado tem que enfrentar a lei, e as autoridades devem garantir que Guo não seja vítima de represálias por ter revelado os abusos", afirmou para a Agência Efe.
Guo foi detido em 2013 e julgado em novembro do ano passado acusado de "alterar a ordem pública", após apoiar os protestos impulsionados por jornalistas do semanário Southern Weekly quando as autoridades tentaram censurar um editorial da publicação.
Guo é um dos defensores dos direitos humanos mais combativos do sul da China, e começou a ser conhecido em 2005, quando ajudou os cidadãos locais a se organizarem para protestar por problemas ligados à corrupção em suas localidades e conflitos de terra.
O ativista já tinha sido preso em 2007 em função de suas publicações, acusado de "atividades comerciais ilegais", mas ao ser solto, em 2011, voltou a atuar em nome das liberdades políticas.
Advogados que se encontraram com Guo recentemente denunciaram que ele está sofreno de desnutrição, é proibido de sair de sua cela e não recebe visitas nem cartas de familiares.